Não se pode deixar de reconhecercaracterísticas do PTcomo as de organização e de capacidade de mobilizar a militância. A legenda mantém das origens sindicais o vigor nas ações e, desde a fundação,há quatro décadas, é considerado um partido político de fato, com programa e projeto de poder.
Por trazer no DNA traços de diversas ramificações da esquerda, da católica à stalinista, o partido, não poderia deixar de ser,carrega um ranço de autoritarismo. Mas descobriu, depois da terceira tentativa frustrada de Lula de chegar à Presidência, quedeveria abrir-se a alianças à direita. A fórmula havia sido aplicada com êxito pelos tucanos, a partir da análise correta do sociólogo Fernando Henrique Cardoso de que a esquerda sozinha não conseguiria governar o Brasil. O PT tentou e deu certo a partir das eleições de 2002, quandoa Vice-Presidência foi cedida a um empresário, José Alencar, e a presidência do BC, ao ex-CEO de um banco internacional, Henrique Meirelles.
Mas o partido, mesmo que deseje, não pode renunciar às origens. O PT ou qualquer outro. Nesta campanha, tem ficado translúcida a tendência visceral do PT à hegemonia política. Talvez até pelos desgastes inerentes a umaaliança partidária(que mais seria uma prostituição política)mantida à base dotoma lá dá cádo fisiologismo, por opção petista, o partido tem como projeto para 2014eleger amplas bancadas no Congresso, para depender menos de aliados. No caso, o PMDB, uma frente de caciques regionais, e, por isso mesmo, pouco confiável para o PT.
Porém, como o objetivo do momento para o partido é somar minutos e segundos no programa eleitoral, finge-se internamente que não foi uma derrota política o fato de a aliança com o PT ter sido rejeitada por 41% da convenção nacional do PMDB, mesmo preservada a Vice-Presidência de Michel Temer.
O trabalho do PT para ampliar as bancadas no Congresso esbarra eminteresses dos outros partidos aliados, o PMDB o maior deles. Peemedebistas sentem em suas bases efeitos da busca petista pela hegemonia política.
As desavenças no Rio de Janeiro são típicas. Olulopetismo apoia a candidatura do senador petista Lindbergh Fariasao Palácio Guanabara como forma de puxar mais votos para a legenda, e deixa em segundo plano a aliança que fez como PMDB de Sérgio Cabral, umacerto políticoque facilitaria a eleição de Luiz Fernando Pezão, vice-governador e candidato à sucessão de Cabral.
Enredos semelhantes se repetem pelo país afora. O grupo que detém o controle do PT parece mesmo decidido a lutar pela hegemonia, e já trabalha para isso desde já. Outro objetivo não tem oDecreto-Lei 8.243, destinado a subordinar o Estado brasileiro a comissões, fóruns e “mesas” tripuladas por companheiros, rotulados de representantes da “sociedade civil”.Se não vai pelo voto, vai pelo decreto.
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