Artigo escrito por Reinaldo Azevedo
“No
livro, Tuma Junior diz ter a convicção de que
Luiz Inácio Lula da Silva foi um informante de Romeu Tuma,
então chefe do Dops, lá no fim dos anos
1970, quando apenas líder sindical. Não é a
primeira vez que a, como vamos chamar?, intimidade de petista
com o regime militar é posta em debate.
O delegado sugere que a colaboração tenha
deixado rastro e dá uma dica: que se
procurem as contribuições de um certo “Barba” com os órgãos
de repressão. A esta altura, ninguém com um
mínimo de honestidade intelectual pode
ignorar que parte considerável do establishment militar via com
bons olhos a emergência política do tal
“sindicalista” porque avaliava — e com
razão neste particular — que sua ascensão enfraqueceria os líderes
pré-64 que voltaram ao Brasil com a aprovação da Lei da Anistia.
Nesse sentido, a escrita se cumpriu. O
petismo exilou Leonel Brizola no Rio de
Janeiro e Miguel Arraes em Pernambuco. É inegável que Lula cumpriu
o desígnio de quebrar as pernas dos antigos
líderes populistas, que encontraram um novo
Brasil ao voltar ao país.
O
Lula “colaboracionista”, pois, é um
dado da própria equação. Ainda que seus
propósitos fossem os mais, digamos, puros — criar um partido só
de trabalhadores —, a verdade inegável é
que sua liderança rompia duas pretensões de
unidade:
a) a unidade da
oposição defendida pelo MDB;
b) a unidade
das esquerdas, que Brizola tinha a ambição
de liderar. E aquilo era música para os estrategistas
da transição, especialmente o general
Golbery do Couto e Silva.
Eu era um fedelho,
militante da Convergência Socialista, e me lembro bem como a extrema
esquerda lia, então, a questão: a: Lula era considerado um
nosso aliado contra a “frente burguesa” que
pretendia se apresentar como “falsa
alternativa” (era o que achávamos então) ao
regime; b: Lula era considerado um
nosso aliado contra a “falsa esquerda”, que
considerávamos não marxista (e era mesmo!),
que vinha do exílio com pretensões de
liderar as massas, o
que repudiávamos; c: Lula
era considerado um nosso aliado APENAS
ESTRATÉGICO, já que julgávamos que ele não
passava de um reformista, com sérios “desvios de direita”,
interessado apenas em reformar
o capitalismo; d: a
extrema esquerda entendia que fortalecer
Lula era importante, para que pudesse ser
descartado mais tarde.
Bem,
meninos, é desnecessário dizer que Lula
jantou os militares, o MDB, Brizola, Arraes
e a extrema esquerda… Reproduziu na política a sua carreira no
sindicato, conforme demonstrou José
Nêumanne Pinto no livro “O que sei de Lula”.
Também ali se acercou do poder pelas beiradas, fez acordos com
os pragmáticos, tomou o poder e deu um pé
no traseiro das velhas lideranças.”
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