Confirmam amigos chegados ao
presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa: ele pedirá
aposentadoria antes de ser sucedido, em abril do próximo ano, pelo ministro
Ricardo Lewandowski, na direção maior do Poder Judiciário. Motivo: o desmonte
do mensalão, que começará logo depois da mudança na presidência da
mais alta corte nacional de Justiça.
Como? Através de manobra
já engendrada pelo PT e pelos advogados dos mensaleiros, com a
aquiescência de Lewadowski, que permitirá a REVISÃO dos processos onde foram
condenados 25 implicados num dos maiores escândalos da história da República.
Estaria tudo coordenado, apenas aguardando a mudança da guarda. Apesar de
a revisão de processos constituir-se em exceção na vida dos tribunais, pois
acontece apenas com o surgimento de fatos novos no histórico das condenações,
já estariam em fase de elaboração os recursos de quase todos os hoje
condenados, a cargo de advogados regiamente remunerados, junto com outros
ideologicamente afinados com o poder reinante.
Nada aconteceria à margem de
discussões e entreveros jurídicos, mas a conspiração atinge a composição atual
do Supremo Tribunal Federal. E a futura, também. O término do mandato de
Joaquim Barbosa na presidência da Corte Suprema marcaria a abertura das
comportas para a libertação dos criminosos postos atrás das grades e
daqueles que se encaminham para lá.
Joaquim Barbosa não estaria
disposto a assistir tamanha reviravolta, muito menos a ser voto vencido
diante dela. Assim, prepara seu desembarque. Pelo que se ouve, não haverá
hipótese de mudar a decisão já tomada, mesmo ignorando-se se aceitará ou não
transmudar-se para a política e aceitar algum convite para candidatar-se às
eleições de outubro. Tem até abril para decidir, apesar das múltiplas sondagens
recebidas de diversos partidos para disputar a presidência da República.
A informação mostra como são efêmeros
os caminhos da vida pública. Até agora vencedor inconteste na luta contra
a corrupção, reconhecido nacionalmente, Joaquim Barbosa pressente a curva no
caminho, não propriamente dele, mas dos mesmos de sempre, aqueles que conseguem
fazer prevalecer a impunidade sempre que não se trata de punir ladrões de
galinha.
Afinal, alguns meses de cadeia
podem machucar, mas se logo depois forem revogados através de revisões
patrocinadas pelas estruturas jurídicas postas a serviço das elites, terão
passado como simples pesadelos desfeitos ao amanhecer. Não faltarão vozes
para transformar bandidos em heróis. A reação do ainda presidente do
Supremo de aposentar-se ficará como mais um protesto da
luz que se apaga contra a escuridão que se aproxima.
O IMPERATIVO CATEGÓRICO
Enquanto esse horror não se
configura, seria bom meditar sobre o sentimento ético. Pode-se ceder diante do
império das circunstâncias, Mas existe entre nós, indivíduos e nações, o
imperativo categórico de que falava Kant, o incondicional comando de nossa
consciência para agir como se a máxima de nossa ação fosse tornar-se uma lei
universal da natureza. Há que evitar o comportamento que, se
adotado por todos, tornaria a vida social impossível. Embora possamos adotar a
mentira, não poderemos aceitá-la como alternativa.
Uma decisão da Justiça não é boa
porque trás bons resultados, nem mesmo porque é sábia, mas porque é feita em
obediência ao senso do dever e em consonância com o imperativo categórico.
Ética não é a doutrina de nos fazer felizes, mas de tornar-nos dignos da
felicidade. Qualquer ladrão poderá triunfar se conseguir roubar o bastante?
Carlos Chagas – http://tribunadaimprensa.com.br/?p=77346
Nenhum comentário :
Postar um comentário