Salim Mattar teve seu primeiro contato com a ideia de liberalismo aos 16
anos, quando o professor de um cursinho noturno obrigou os alunos a ler A Riqueza das Nações, de Adam Smith.
Era o destino.
“Quais as chances
de um curso de contabilidade, no interior de Minas Gerais, ensinar um livro tão
importante?” Salim parece pensar em voz alta durante um almoço recente em Belo
Horizonte, sede da Localiza, a empresa de aluguel de automóveis da qual é
fundador, presidente executivo do conselho e um dos maiores acionistas.
O segundo contato veio no ano seguinte, quando leu na revista Visão excertos do livro O caminho da servidão, do economista austríaco
Friedrich Hayek, cuja tese central é de que todas as formas de coletivismo,
incluindo o socialismo, levam irremediavelmente à perda das liberdades
individuais.
“Li aquilo e
pensei: Esse cara está falando coisas que fazem sentido e em que eu acredito.”
(A Visão, já extinta, era publicada por um outro liberal, o empresário Henry
Maksoud, já falecido.)
Décadas depois,
Salim tomou para si a tarefa de disseminar o ideário liberal no País
–principalmente agora, depois de 12 anos do PT no poder e do crescimento
exacerbado da máquina estatal, da carga fiscal e do discurso antiliberal.
Seu ativismo mais direto começou nos anos 80, período em que foi fundado
o Instituto Liberal no Rio, São Paulo e Belo Horizonte, e por meio do qual
ajudou a financiar a tradução para o português da obra mais eloquente do
ideário liberal: A Revolta de Atlas, de
AynRand, uma filósofa russa naturalizada americana. Em 2000, foi um dos
fundadores do Instituto Millenium, também voltado para a defesa da livre
iniciativa e das liberdades individuais.
Nos últimos meses,
outros empresários fizeram pronunciamentos de viés liberal, com tonalidades
distintas. Rubens Ometto Silveira de Mello, da Cosan, citou AynRand num
discurso em Nova Iorque. Abilio Diniz disse esperar que o governo “não
atrapalhe”, falando de uma medida provisória que prejudicava a BRF, e Benjamin
Steinbruch criou o melhor slogan para a tese de que o Estado hoje atrapalha,
dizendo que “só louco investe no Brasil.”
De uma hora pra
outra, Salim Mattar não está mais falando sozinho.
Abaixo, o que ele
acha das eleições que se aproximam.
Como
o senhor vê o que aparenta ser o fim iminente do ciclo do PT no poder?
Acho que é hora de
fazermos uma reflexão. Por que o Brasil está nesta situação, de 12 anos de PT
desconstruindo o Brasil? O Brasil só não está pior porque o País é bom demais:
é um país rico, com um povo trabalhador e um bom empresariado. Ninguém gosta de
colocar o dedo na ferida, mas de quem é a culpa disto? Para mim, a culpa
é do DEM e do PSDB. Com um Fiat Elba, cassaram o Collor, mas com o mensalão,
faltou culhão ao DEM e ao PSDB para pedir o impeachment do Lula. Aí dizem: “Mas
não havia clima pra isso… Lula tinha tido uma votação maciça..” Pois muito bem,
mas e a lei? Onde fica a lei? Uma votação maciça põe um indivíduo acima da lei?
O DEM e o PSDB têm um débito com o País. Aliás, nunca souberam fazer oposição e
não aprenderam com o PT sendo oposição enquanto governavam.
E a
perspectiva de eleição de M..... S....?
Todo mundo fala da
comoção que foi a morte do Eduardo. Mas tem outra comoção implícita nas
pesquisas: a comoção do antipetismo. Você vê que as pessoas querem mudança.
M..... vai ser muito melhor que a Dilma porque vai ‘despetizar’ o Governo. Ao
despetizar o Governo, o país melhora. Existe um ranço no atual Governo contra o
capital, contra o lucro, contra o livre mercado, contra o capital estrangeiro e
contra as liberdades individuais e de imprensa, contra a ética. Qualquer
opositor da Dilma que vença vai fazer um trabalho de naturalmente despetizar o
Governo. Ninguém aguenta mais! Aquele desabafo do Roberto Setúbal é isso:
ninguém aguenta mais a mediocridade. A sociedade clama por qualquer um que não
seja o PT.
Tanto
faz Marina ou Aécio?
Não importa quem seja: o povo está dizendo que é anti tudo que está
acontecendo atualmente: o aparelhamento da agências reguladoras, a qualidade da
educação, que caiu, as obras de infraestrutura que não foram feitas a tempo… e
agora tem essa delação premiada do cara da Petrobras: isso, em qualquer País
sério, derruba governo, cai todo mundo! No Brasil, vai ficar por isso mesmo? Qualquer
governo novo serve. Um governo que seja pior do que o
da Dilma serve, porque vai ‘despetizar’ o Governo. Aécio ainda é para mim o
nome certo para consertar o País. Ainda tenho esperança, faltam 30 dias e tudo
pode acontecer. Se não der Aécio, que seja a M..... . Com certeza melhor do que
‘tudo isto que está aí’. Quem vencer vai receber uma herança maldita.
O
empresariado está tomando posição?
Sou do grupo
controlador de uma empresa listada na Bolsa, tenho acionistas, então tento não
misturar as coisas, mas eu, como cidadão, não tenho mais como me calar. Estou
no limite. Amo este país, acredito nele! É claro que estou colocando mais
emoção nas palavras para tocar as pessoas, mas a maior parte do empresariado
deseja uma mudança. Muitos não falam porque têm medo de retaliação. Todo dia a
gente ouve uma história. Este Governo gera medo nas pessoas usando de sua
força, do seu poder.
O
senhor acha que os empresários deveriam participar mais do debate de ideias no
País?
“Uma coisa é você
não querer envolver sua empresa, que tem acionistas que podem até não concordar
com você. Mas os empresários poderiam fazê-lo na pessoa física. Poderiam
contribuir para a disseminação de idéias que possam garantir amanhã o livre
mercado e mais liberdade para empreender. A gente compra seguro contra
incêndio, seguro de vida e acidentes… Por que não comprar um seguro para
garantir que teremos um livre mercado amanhã?” Geraldo Samor
Editorial do Estadão, "As coisas podem não ser o que parecem" (07.09.2014).
É cada vez menor o número dos que duvidam hoje da derrota de Dilma Rousseff nas urnas de outubro. Mas a probabilidade da vitória de M..... S.... poderá resultar em enorme decepção para quem acredita que o voto na ex-senadora é o melhor caminho para livrar o País do lulopetismo. Esta é a conclusão a que têm chegado, nos círculos políticos de Brasília, petistas e não petistas com algum acesso a L..., a partir da análise de seu comportamento diante de um quadro eleitoral que era impensável pouco tempo atrás.
Não
é de hoje, garantem seus seguidores mais chegados, que L... perdeu a paciência
com a campanha da reeleição de Dilma. E não se trata nem de discordar da
estratégia, se é que se pode chamar assim, que a presidente e seu círculo de
assessores diretos impuseram à disputa. Aos mais íntimos o ex-presidente se tem
permitido expressar irritada decepção com a falta de competência política e de
carisma de sua criatura. Afirma mesmo, como se não tivesse nada a ver com isso,
que ela "não é do ramo". NOTA: ELE É O MAIOR RESPONSÁVEL PELA ELEIÇÃO DE DILMA. MENOR É O POVO IGNARO QUE NELA VOTOU E NELE ACREDITOU QUANDO AFIRMAVA QUE ELA SERIA A MELHOR PRESIDENTE QUE O PAÍS JÁ TEVE.
Diante
do provável revés, L.... se esforça para disfarçar o mau humor com um
comportamento discreto que o tem levado, para usar uma expressão futebolística
tão a seu gosto, a simplesmente "cumprir tabela" na campanha. Mesmo
porque uma omissão ostensiva seria inadmissível e a estridência crítica seria
contraproducente.
L...,
portanto, parou para pensar em si mesmo, entregar os anéis para salvar os dedos
e se concentrar em 2018, quando ele próprio poderá tentar, com o prestígio
popular que lhe tiver restado, uma volta triunfal ao Palácio do Planalto. E,
pelo que dizem ser seus cálculos, a eleição de Marina Silva agora pode ser mais
útil a esse objetivo do que a reeleição de Dilma.
Dilma
Rousseff entregará a seu sucessor um país em situação muito pior do que aquele
que recebeu de L... há quatro anos. Os indicadores econômicos, financeiros e
sociais revelam essa lamentável realidade. O próximo ocupante da cadeira
presidencial receberá uma verdadeira herança maldita. Reeleita, Dilma terá de
mostrar uma competência que já provou não ter para evitar que a inflação
estoure, a recessão econômica se instale, os programas sociais definhem e a
companheirada em desespero piore as coisas tentando "salvar o seu". E
aí provavelmente nem mesmo Lula seria capaz de operar o milagre de manter o PT
no poder em 2018.
Já
M..... S.... na Presidência, com um programa repleto de boas intenções, mas sem
nenhuma perspectiva concreta de apoio parlamentar para aprová-lo e de uma ampla
e competente equipe técnica para realizá-lo, seria presa fácil de um PT que, na
oposição, estaria à vontade para fazer aquilo em que é especialista: atacar,
destruir. E depois de devidamente demolida a imagem de Marina, Lula poderia
surgir, mais uma vez, como salvador da pátria.
Mas
haveria ainda, segundo essas maquinações, uma segunda hipótese: governar com o
PT. M...... não ignora as dificuldades que terá pela frente e tentará garantir o
apoio de forças políticas que possam fazer diferença em seu governo. Petistas
ou tucanos dariam a M..... apoio decisivo semelhante àquele que o PMDB oferece
hoje a Dilma. Mas PT e PSDB dificilmente comporiam juntos uma base de apoio
confiável. E, mesmo que os tucanos venham a apoiar M..... num eventual segundo
turno contra Dilma, toda a história política da ex-senadora dentro do PT e a aversão
aos tucanos que ela não se preocupa em disfarçar indicam que seus parceiros
preferenciais seriam os petistas.
Reforçaria
essa hipótese o fato de que M..... tem feito acenos de boa vontade a L..., como
a reiterada manifestação de que não seria candidata à reeleição em 2018 (O EX-PRESIDENTE PETISTA NÃO VIVERIA ATÉ LÁ PARA SE CANDIDATAR EM 2018) e de
que estaria disposta a não desalojar completamente o PT de seu governo,
promessa implícita na garantia de que pretende governar "com todos os
partidos".
Seja
como for, L. parece estar assimilando bem - e talvez até desejando - uma
vitória de M..... S...., que trabalharia para caracterizar como uma derrota de
Dilma e não do PT. E o PT estaria, tanto quanto seu líder máximo, preservado do
inevitável desgaste de mais quatro anos de barbeiragens políticas e
administrativas.
A
ser isso verdade, votar em M...... com a intenção de cravar uma bala de prata no
coração do lulopetismo seria comprar gato por lebre.
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