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ELES       SABIAM DE TUDO!                                            
  
Waldo Luís       Viana*  
              A claudicante e envergonhada defesa dos petistas, diante dos evidentes       escândalos de corrupção que pululam de alto a baixo em seus governos       sucessivos, argumentando que todos os “mal feitos” havidos em doze anos já       existiam antes, é um sofisma muito bem construído e repetido, à la       Goebbels, como se fora verdade.  
                Afinal,  em tantos anos       de governo,  desde L... em       2003, com a faca e o queijo na mão, os petistas não investigaram nenhum        “crime anterior” da tal herança maldita de FHC e passaram em branco sobre       as maracutais sugeridas, o que, no mínimo, os transformam em       cúmplices. 
                Se não se investiga o crime das duas uma:  ou se fez vista grossa mediante       cumplicidade ou se temeu que a investigação das barbaridades impedissem,       por contágio, o funcionamento dos novos  governos. 
                Na verdade, a corrupção tornou-se sistêmica desde 2003, fazendo       parte da própria sustentação do aparelho petista, que preferiu ocupar a       maioria dos cargos de confiança (cerca de 23 mil) e instituiu quase 40       ministérios, colonizando a administração pública por uma rede de       falcatruas que afetou as estatais, os partidos aliados e os fundos de       pensão. 
                Hoje faz parte do cotidiano do brasileiro as expressões: atos de       corrupção, corruptos e corruptores, operações da Polícia Federal, mal       feitos, falhas de gestão, prisões preventivas, delações premiadas,  lobistas culpados, lavagem de       dinheiro, caixa dois, contribuições de campanha, sigilo bancário, sigilo       telefônico, contas no exterior – etc., numa cornucópia de escândalos       complexos, que revelam perfeitamente as franjas ocultas de contabilidades       criativas e a institucionalização da esperteza. São bilhões de reais       roubados, diante de um cidadão comum que luta com dificuldades para ganhar       seus tostões suados na vida... 
                Para os petistas, num clima de capitalismo tardio e obsceno, que se       pretende ultrapassar por esquemas socialistas bolivarianos, capitaneados       pelo Foro de São Paulo –, a corrupção é benéfica e necessária. E não só       para manter os financiamentos das causas “puras” do partido e atrair       políticos aliados, mas também para garantir as pretendidas vitórias       eleitorais. Basta lembrar a frase de Lula: “vocês não sabem do que seremos capazes       para reeleger a Dilma”. Nada mais profético. 
                Tanto é assim que os militantes de cúpula, processados e presos no       mensalão, jamais pediram desculpas à Nação por seus mal feitos. Pelo       contrário. Ergueram o punho cerrado no braço esquerdo, num desafio aberto       à Justiça que os acabava de condenar. Até o deputado André Vargas, hoje       ameaçado de perder o mandato por falta de decoro, fez o mesmo na Câmara       dos Deputados, onde foi seu vice-presidente, diante do olhar atônito do       então presidente do STF, Joaquim Barbosa. 
                Este, por sua vez, pediu aposentadoria precoce, num lance       shakespeariano de renúncia, que não se entende o motivo, talvez para se       acautelar de uma possível vingança por sua atuação na ação penal 470, que       colocou na cadeia a cúpula do petismo. 
                Dizer que se corrompia antes do PT assumir o poder não cola, porque       sabemos que a corrupção deveria ser localizada, tanto que não foi       detectada pelos militantes de posse do governo. Se todos ficaram isentos       de processos deve-se entender que o governo petista – tão bonzinho e  generoso – não encontrou nada. Os        “casos” citados pela candidata Dilma, nos debates com Aécio Neves, como       atos de corrupção dos governos do PSDB resultaram na expressão universal:        “estão todos soltos”. 
                Mas como? Só se pode deduzir que ficaram soltos porque eram       inocentes mesmo ou pela habitual cumplicidade do PT. Será que existiu um       acordo tácito e espúrio entre os dois partidos, a ponto de garantir aos       petistas que sempre ganhassem as eleições contra um adversário fraco e sem       defesa? 
                Na verdade, o Brasil tornou-se campo fértil para teses       conspiratórias. Por exemplo, os Estados Unidos espionaram o governo Dilma       e agora processam a Petrobras. O que haverá depois? Enquadramento dos       corruptos e corruptores, de fora para dentro? E as operações internas do       aparelho de Estado será que vão chegar a alguma conclusão prática ou os       bandidos escaparão ilesos? 
                O homem das ruas, acostumado a ver advogados caros defendendo os       corrompidos ricos, sabe por intuição que temos uma cultura de impunidade       que devemos superar. Os petistas servem-se disso, pretendendo dizer que        “num país em que todos são sujos, que mal tem em sermos sujos       também?” 
                Esse argumento de lógica corrupta quer isentar de punição os que       delinquiram. Principalmente se os processos evoluírem para culpar quem não       pode ser culpado. Aí a coisa fica difícil de apurar, porque existem forças       ocultas que não permitirão que os governantes – que todos sabemos os nomes        – possam ser punidos. 
                E para eles, sobra outro escovado e safado argumento: “nós não sabíamos de       nada...” 
                Sobrará apenas para a sociedade a suposição funesta de que, a       despeito de todas as violências, eles sabiam de       tudo... 
  
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*Waldo       Luís Viana é escritor, economista, poeta e tentando ficar na moda diz que       não sabe de nada |