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Escrevi ontem um texto (*) que falava do avanço da esquerda radical sobre os imóveis “ociosos” nos centros urbanos. É uma ideia que vem ganhando peso, graças a “intelectuais” como Vladimir Safatle e Raquel Rolnik, que justificam a ocupação (atenção: jamais chamar de invasão!) desses prédios com base no argumento da desigualdade social.
Não seria justo, pela ótica dos socialistas, alguns terem imóveis desocupados, sem uso, enquanto outros vivem em condições precárias. A solução é evidente: ocupar tais propriedades em nome da igualdade. O líder do MTST, Guilherme Boulos, assume o fardo de guiar as massas rumo a essa luta por justiça.
Diante disso, pergunto: Boulos já foi apresentado ao compositor Chico Buarque? Não? Poderia pedir que Dilma ou Lula fizessem o meio de campo, pois são camaradas de ambos. Acho que valeria muito a pena. Explico.
Chico é o dono de um grande terreno no Recreio, aqui no Rio, onde tem um campo de futebol. O uso desse imenso terreno, em área que se valoriza a cada dia pelo crescimento populacional, serve apenas para uma “pelada” ocasional entre amigos.
Afinal, Chico mora em uma bela cobertura no Leblon, zona mais nobre do Rio com o metro quadrado mais caro do país. Como sei que é bela? Nunca fui convidado, mas o escritor abriu as portas para a revista Alfa e mostrou todo o luxo para quem quisesse ver. E ainda passa bastante tempo em Paris, frequentando os caros cafés locais. Não sobra tanto tempo para usar o terreno.
Pois bem, parafraseando Rolnik, pergunto: é justo tanta gente sem ter onde morar direito enquanto uns poucos vivem em luxuosas coberturas e ainda mantêm enormes terrenos só para uma partida de futebol na vida e outra na morte? Pela lógica socialista de tais “intelectuais”, creio que a resposta (deles) seja “não”.
Mas eis o mais interessante: sendo Chico Buarque também um defensor do socialismo, da igualdade e da “justiça social”, acho que nem seria preciso “ocupar” a área com centenas de militantes do MTST. Bastaria pedir ao rico e famoso compositor.
Tenho certeza de que o apelo igualitário surtirá efeito e Chico abrirá voluntariamente as portas de seu sítio ocioso para os pobres, reduzindo assim a necessidade de outras invasões, digo, ocupações. Não é verdade, Chico?
(*) Ainda não sabemos o nome do escritor que fez o texto.
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