Caros parentes, amigos e colegas
Como estava o cenário?
Cheguei à Praça da República, via Linha Amarela do Metrô, uns quinze minutos antes das 3 horas. Dei uma volta ao redor da Praça. Naquele momento, havia ali mais policiais do que manifestantes. A Tropa de Choque estava posicionada. Muitos policiais estavam aguardando no interior do Caetano de Campos e foram saindo dali à medida da necessidade. Esquema muito bem preparado. Um Major no comando.
Naquele momento, a Praça da Sé estava ocupada por outro grupo, contrário à Marcha, capitaneados, dizem, pelo Senador Suplicy. Olheiros da tropa esquerdista foram encaminhados à República para ganhar inteligência e provocar quem ali estava reunido. Panfletos da Sé apareceram na República em bem orquestrada campanha de marketing adverso. Guardei um deles de lembrança.
Os discursos começaram de cima de um ônibus com jeito de trio-elétrico. Ocasionalmente, vozes dissonantes combatiam o que era dito. Inicialmente, foram toleradas; posteriormente, foram cercadas. Antes que focos de violência irrompessem, soldados da PM atuavam e isolavam os perturbadores. Vi xingamentos, ouvi ameaças, mas não presenciei qualquer violência digna de um BO ou de um exame de corpo de delito. Os esquerdistas podem não concordar com essa observação.
Câmeras, gravadores e celulares para todos os lados. Devia ter ali estudantes realizando trabalhos de curso, olheiros da esquerda e organizadores da Marcha dispostos a registrar tudo para posterior análise.
Tinha casais, filhos e netos. Tinha de octagenários a crianças de colo. Uma senhora, esposa de Cabo da PM, trouxe suas duas filhas com cartazes dizendo "PM também tem família".
Tinha militares da Reserva, tinha desembargadores e juízes aposentados, tinha membros da Guarda Metropolitana. Discursam, entre outros, um Coronel da PM e um Coronel do Exército.
Ganhei de alguém um cartaz escrito "Fora Foro de São Paulo". Por concordar com esses dizeres, fiz o meu papel de militante. Começamos a caminhada com algumas centenas, mas o povo foi engrossando. Não sou bom para avaliar o tamanho de grupos de manifestantes, mas estimo o total final em superior a um milhar, talvez dois milhares. É pouca gente, mas é um começo.
Saímos pela Ipiranga (aquela do Adoniram), viramos à esquerda na São Luiz e, depois, à esquerda na Praça Dom José Gaspar. Verificamos nas janelas dos prédios pessoas que pareciam apoiar e outras a desaprovar a Marcha. Na calçada, um senhor, provavelmente septuagenário, dizia aos brados que éramos todos imbecis (*). Respondi-lhe, com toda a carga irônica disponível, estar feliz por conhecer alguém inteligente como ele.Ao desembocarmos no Theatro Municipal, viramos à direita e prosseguimos sobre o Viaduto do Chá. Nas colunas do Viaduto estavam dispostos dezenas de fotógrafos, todos profissionais, das imprensas nacional e estrangeira. Dizem que até jornalistas cubanos estavam ali. Será que publicaram alguma coisa por lá?
Subimos a Líbero Badaró. As provocações abundaram em todo o trajeto. O ponto alto foi à frente da Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco. Mas ali a Tropa da Choque da PM estava posicionada. Então, nada a recear ou a lamentar.
Chegamos à Catedral. Havia cheiro de perfume no ar. Talvez, algo ligado aos religiosos ou à minha ainda não despertada mediunidade.
Minha Avaliação
Não concordei com tudo o que foi dito ali. Por exemplo, atacar a urna eletrônica inferindo que o resultado das eleições é manipulado é, a meu ver, uma estratégia errada. Querer a intervenção militar sem um discussão política mais profunda também creio ser um erro. Porém, alertas foram dados e algumas sementes plantadas. Vamos ver se germinam e se transformam em boas árvores.
A manifestação foi encerrada com um Pai Nosso proferido por um seminarista e acompanhado por todos. Creio que Deus esteve presente ali. As Famílias também estiveram. E o ato, em si, foi uma demonstração de Liberdade.
Em resumo, um sucesso. Uma história que poderei repetir com orgulho para meus netos e bisnetos. Afinal estava ali exercendo a minha cidadania, lutando por aquilo que acredito. Vocês podem concordar comigo, ou não ...
Abraços democráticos, Pazini
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(*) "Na calçada, um senhor, provavelmente septuagenário, dizia aos brados que éramos todos imbecis " - O senhor que chamava de imbecis quem ía à rua na Marcha da Família provavelmente confundiu o pedido de interferência militar com pedido de outra ditadura militar. Mas vamos deixa-lo xingar à vontade, afinal ele não deve ter maiores interesses pelo que aparece na Internet. Sem contar que podemos escolher dois tipos de ditadura: a ditadura militar ou a ditadura disfarçada que está aí e protege todos os tipos de meliantes . Cada um tem a ditadura que merece.
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