HOJE OS AMERICANOS (DO NORTE!) DECIDIRÃO SE O MUNDO VAI ACABAR!
PARECE ATÉ QUE LÁ É CÁ!
OU SERÁ QUE A SORDIDEZ VIROU MODA?
Queridos leitores, hoje o mundo pode acabar. No duro. Hoje
se resolve a disputa política mais espantosa que já houve nos Estados Unidos, a
divisão mais óbvia entre o bem e o mal, esta dualidade meio confusa, misturada.
Esse pavoroso ser chamado Trump (verbo que em inglês quer
dizer “acusar alguém falsamente”, de onde sai o substantivo “Trumpery” –
“exibição sem valor”) não podia ter acontecido na vida norte-americana.
Ou melhor, podia, sim, mas ninguém sabia. Os americanos se
sentiam nestes tempos de crise como o país onde a “democracia sagrada” era um
oásis político no mundo conflagrado. Tudo funcionaria bem, como funcionou o
governo do Obama, que superou a crise de 2008 e tornou o país mais progressista
e inteligente. Pensam que isso adiantou para a massa? Nada. Por isso, um
elemento como Trump, uma espécie de homem-bomba americano, está sendo votado
hoje por mais de 60 milhões de pessoas. Como pode? Os Estados Unidos se
revelaram uma “super banana republic”, apoiando fortemente uma das piores
pessoas que já apareceram no mundo político. Ele é o auge sinistro de uma
psicopatia narcísica transformada em espetáculo, ele é um fruto podre da
“cultura da celebridade”, das comunicações transformadas em
“info-entertainment”, ou seja, a mistura de espetáculo com informação. Até suas
mulheres são um show careta programado – todas são iguais, louras, cabelos de
chapinha, sorridentes e submissas peruas do mal.
Sua figura repugnante não assusta seus eleitores; pelo
contrário, há um fascínio pela estupidez que é confundida com uma espécie de
“liberdade” de pensar o impossível. Só o simplismo mais raso impressiona nesta
época tão complicada no mundo. As Mentiras colam porque a verdade está
insuportável. (LÁ TAMBÉM ? )
Se bem que o Trump não mente apenas. Ele criou um novo tipo
de sordidez (DEVE TER ASSISTIDO ALGUMA PALESTRA DO NOSSO EX-PRESIDENTE) : inventa fatos sem comprovação, como dizer que o Obama não era
americano, que a Hillary fez surgir o Estado Islâmico, que as mulheres que ele
arrastaria pela vagina são pagas pelos democratas, que vai fazer uma parede
contra o México, que vai acabar com a Otan, em suma, quanto maior o absurdo,
mais impacto para a multidão de burros que assola o país.
Trata-se de uma ridícula mas perigosa revolução: criar a
divisão da América em “nós e eles”, como, aliás, nosso Trumpinho Lula fez tão
bem e como agora o Trumpinho zumbi evangélico vai fazer no Rio. Mesmo que ele
perca (o que creio que acontecerá), ele já causou um mal pavoroso: a democracia
americana foi humilhada diante do mundo, virou uma chacota, um vexame.
É inconcebível que a América possa ser governada por um
psicopata. Ele não é nem “de direita”, nem fascista, como se diz em nosso
vocabulário simplista – ele é o mal. Ele buscou todas as faces do mal e
reuniu-as em um programa, um boletim para o fim do mundo. E os imbecis adoram
essas dualidades: o mal e o bem claramente divididos.
Hillary disse uma frase assustadora mas verdadeira: “Eu sou
o último obstáculo contra o apocalipse”. E é mesmo. Trump me lembra o filme
“Dr. Fantástico”, no qual um general enlouquece e ataca a Rússia, que hoje é o
feudo do outro canalha supremo, seu amigo Putin, que arrasa a Síria com o
carniceiro Assad e protege aquele traidorzinho escroto do Snowden. Já
imaginaram seu dedinho sinistro nos botões da guerra nuclear?
Como ele passa incólume por essas afirmações? Por quê?
Porque o país está descobrindo tardiamente que tem uma população de idiotas
alfabetizados, ativos e militantes, diferentes dos pobres latinos, que não
sabem ler e moram na miséria extrema. Se não for eleito (porque Deus é grande),
terá prestado um serviço involuntário à sociologia norte-americana: vão estudar
e tentar entender como metade do país não é democrática, pois a democracia não
pode ser pressuposta, mas é uma eterna vigilância, como já disseram os velhos
udenistas.
Outra coisa que ajudou o rato foi o tradicional
“democratismo” americano: o medo da mídia de tomar posições, equiparando
bobagens irrelevantes, como os tais e-mails da Hillary, com os crimes contábeis
do bilionário do mal. Agora, com a positiva reavaliação do FBI, acordaram para
o perigo, mas é um pouco tarde.
A “ditadura da maioria”, que Tocqueville previu, ganhou
presença. Dominada por um demagogo, todos os conceitos totalitários irrompem:
racismo, violência, moralismo, negação da ciência. Ele declara que o país está
quebrado, apesar de ter melhorado muito depois de 2008. O povo engole a
mentira, mesmo com a opinião de 370 economistas do mundo que fizeram um
manifesto contra a visão econômica do rato.
A existência desse sujeito deve-se também à ausência de
qualquer proposta programática na agenda dos republicanos de hoje. Em todo o
governo Obama, os vapores do “Tea Party” pautaram o bloqueio sistemático a tudo
– seu único programa era impedir a governança, mesmo que quebrasse o país, como
quase aconteceu quando provocaram o calote da dívida pública, que Obama conseguiu
reverter na última hora. Eles não têm mais escrúpulos como no tempo do Reagan.
Hoje, seus canalhas máximos são o Giuliani e o Newt Gringuich, com um claro
apoio da KKK.
Mesmo que perca (“Álah u Akbar!”), ele já é vitorioso. Isso.
Como você se sentiria se fosse um narcisista psicótico e tivesse virado uma
ameaça ao mundo e à democracia? Um triunfo. Já há bandos de doentes mentais que
querem virar milícias e atacar Washington armados, como, aliás, o Trump
sugeriu, se a regulamentação de armas passar. É incrível, mas é verdade.
O grande poeta T.S. Eliot escreveu o célebre verso: “É assim
que o mundo vai acabar – não com um estrondo mas com um gemido”.
Se esse pavoroso ser ganhar, o mundo acaba não com um
estrondo, mas com um mugido.
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