Em contraponto ao texto que está na página
Moro numa favela. É numa favela que fica minha casa. Não usarei o termo comunidade. Usarei o termo favela, como se dizia antigamente.
Já me acostumei, no trabalho, a ver pessoas almoçando na sala enquanto eu como na cozinha, que é o lugar 'que me cabe' nas residências, principalmente das 'esquerdas caviar' onde ainda tenho o salário mensal , pois ainda podem pagar meu salário, embora muitos conhecidos meus já estejam desempregados.
Sou obrigada a dizer 'pois não, doutor" e 'sim, senhora', mesmo que, na minha visão, eles estejam errados .
Adoro um estrondoso funk, muito barulhento principalmente nos fins-de-semana, impedindo a "elite e a classe media" de dormir. Impor som do funk, mesmo a quem não aprove esse 'rítmo" é uma forma de manifestar o repúdio à situação em que estão os mais necessitados, pois a elite e a classe média é que são responsáveis por tudo de mal que acontece!
"Cada um vive como melhor lhe convier."
- Palavras de Maria Ribeiro, que escreveu o texto
'Prédio de bacana'
oposto ao que está aqui.
- Palavras de Maria Ribeiro, que escreveu o texto
'Prédio de bacana'
oposto ao que está aqui.
Na época em que os roubos indecorosos de nossos políticos são colocados à frente de todos, na época em que os bandidos são enaltecidos vergonhosamente, o lema da atualidade poderiam ser as palavras terríveis da suposta escritora Maria Ribeiro "Cada um vive como melhor lhe convier.". Tudo será melhor como convier a cada um de nós, quanto aos outros... que vão todos para o PT QUE OS PARIU.
Fui criada na cozinha da minha casa onde não me cabia brincar, mas fazer comida para todos. A pouca comida que havia, é claro.
Nunca pude estudar, pois perto da nossa favela não havia escolas e, caso houvesse, os professores não estariam ganhando seu irrisório salário nem dariam aulas para ninguém.
Quanto à segurança estamos mais protegidos vivendo numa favela do que num 'prédio de bacanas' fincado em um bairro "chique", onde as balas passam por todos, adoradas como se fossem uma bala de jujuba ou um drops de anis. Menos quando "a
polícia invade o território dos traficantes" atrás de algum meliante. É quando o tiroteio 'corre solto'. É nessas horas que precisamos enfrentar alguma bala perdida, como os 'outros' cariocas já se habituaram a fazer. Mas a culpa é da polícia que não tem permissão para entrar onde não é chamada.
Nas favelas são os meliantes que ali "trabalham", vendendo drogas, que impõem a paz no local, e protegem os moradores. Talvez seja esse o motivo que nos leva a respeitar mais o bandido que o policial.
Como 'nos prédios de bacanas, como se dizia antigamente', numa favela não se pode entrar sem identificação. As pessoas precisam provar que são 'gente de bem' e não foram ali para atrapalhar os "donos" do local, que já estão se tornando donos de tudo, principalmente da cidade Rio de Janeiro.
A qualquer hora vão atirar até no Corcovado por acharem que ele está vigiando os passos dos mais pobres, uma qualificação que provocava vergonha em alguns em outras eras e, hoje, se tornou motivo de orgulho para todos, afinal é graças à pobreza que até presidentes já foram eleitos.
Vivas aos traficantes,
assassassinos e assaltantes
...
desde que levem o mal só aos culpados das
diferenças sociais.
Nenhum comentário :
Postar um comentário