Este espaço é desaconselhável a menores de 21 anos, porque a história de nossos políticos pode causar deficiência moral irreversível.
Este espaço se resume
, principalmente, à vida de quengas disfarçadas de homens públicos; oportunistas que se aproveitam de tudo e roubam sem
punição. Uma gente miúda com pose de autoridade respeitável, que
engana o povo e dele debocha; vende a consciência e o respeito por si próprios em troca de dinheiro sujo. A maioria só não vende o corpo porque este, além de apodrecido, tem mais de trinta anos... não de idade, mas de vida
pública.


OPINIÕES PESSOAIS

terça-feira, 31 de outubro de 2017

A farsa em marcha - Merval Pereira


Como dizia aquele alemão barbudo (como o ex-ministro do STF Eros Grau se referiu a Marx certa vez), a história se repete como farsa. Caminhamos para uma eleição presidencial tão radicalizada quanto a de 1989, a primeira direta após o regime militar, que terminou em tragédia com o impeachment de Collor.  Só que com tons e nuances diferentes.

A esquerda tinha dois representantes naquela ocasião, o líder metalúrgico L--- e o líder trabalhista Brizola, que disputaram voto a voto a ida para o segundo turno contra o representante da centro-direita, Collor de Mello. Populismo de direita contra populismo de esquerda. 

L--- derrotou Brizola por 0,67% e foi para o segundo turno contra Collor, e mais tarde admitiu que, naquele momento, não estava preparado para ser presidente da República. Foi em Divinópolis, na campanha de 2010 para eleger Dilma que ele disse que agradecia por ter perdido a eleição presidencial de 1989 porque era “muito mais radical” e poderia cometer erros no governo.

“Hoje eu agradeço a Deus por não ter ganhado em 1989, porque eu era muito novo, muito mais radical do que eu era em 2002 e, portanto, eu poderia ter feito bobagem. Não bobagem porque eu quisesse fazer, mas pela impetuosidade, pela pressa de fazer as coisas”.

Hoje, tão radical quanto era em 1989, longe daquele L--- que escreveu a carta aos brasileiros em 2002 para dirimir as dúvidas do mercado financeiro e da classe média sobre seu radicalismo, considera-se preparado (?) para voltar à presidência que exerceu entre 2002 e 2010, e a lembrança daquele tempo está viva na memória de cerca de 35% dos eleitores, segundo a mais recente pesquisa do Ibope   (a lembrança fica aina mais viva quando se 'olha' a mesa vazia e o estomago também).

Mas a memória dos supostos bons tempos é traiçoeira, pois foi ao abandonar o equilíbrio fiscal dos primeiros anos, e as reformas estruturais como a da Previdência que iniciou assim que eleito, mas abandonou para não entrar em choque com as corporações que o apoiavam, que L--- deu início a essa crise econômica que se exacerbou a partir de 2010 com um crescimento artificial de 7,5% do PIB para eleger sua sucessora.

Dilma aprofundou o que chamaram de nova matriz econômica que nos levou à maior recessão de nossa história, e ao tentar remendar o estrago que havia feito reequilibrando os gastos públicos, traiu seu eleitorado, na opinião de L---.

Temos então em 2018 um L--- que, se não for impedido de disputar pela Justiça, pretende adotar a política radical que em 1989 o fazia despreparado para a presidência, Ciro Gomes na versão pedetista na disputa pela esquerda, e Jair Bolsonaro, um populista de direita, muito menos preparado do que aquele Collor de Mello que surgiu em 1989.

Pela radicalização que domina o cenário, é previsível que figuras da política tradicional como o governador Geraldo Alckmin, com seu espírito moderado, tenha tanta chance quanto tiveram em 1989 figuras como Ulysses Guimarães, Aureliano Chaves, Mario Covas, que foram abandonados pelo eleitorado.

Com uma diferença crucial hoje: em 1989, os políticos tradicionais, muitos retornados do exílio, tinham um peso considerável, embora os dois que foram para o segundo turno, Collor e L---, fossem figuras relativamente novas no cenário nacional.

Hoje, soma-se à radicalização o desgaste da classe política. Quem consegue se diferenciar nesse ambiente corrompido, como Marina Silva e Bolsonaro, que em espectros políticos opostos não estão envolvidos em denúncias, tem chances.

Até mesmo um presidente impopular como Sarney em 1989 temos em Temer hoje, que sem dúvida será alvo dos maiores ataques, como naquela ocasião Sarney serviu de saco de pancadas para Collor e L--. E para dar um toque especial à repetição, surge por fora a candidatura de Luciano Huck, assim como em 1989 Silvio Santos surgiu do nada para atropelar os favoritos.

Embora fosse muitas vezes mais popular do que hoje é Luciano Huck, este, além de popular o suficiente, tem muito mais preparo e uma rede de contatos que pode viabilizar um programa de governo com substância.  Não se sabe o que aconteceria se a justiça eleitoral não tivesse impedido o registro da candidatura de Silvio Santos. Saberemos mais adiante se Huck será mesmo candidato, e que candidato será.          


OU SEJA, BRASILEIRO NÃO TEM ESCOLHA DECENTE


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