Adriano De Aquino
Marisa Leticia é um exemplo extraordinário da mobilidade sócio econômica do Brasil. Realmente, fossem essas oportunidades estendidas a outras mulheres trabalhadoras, o Brasil seria uma nação invejável. Só que não, Dona Marisa é um caso raro de elevação econômica.
Seu inventario registra um surpreendente patrimônio de 11,7 milhões de reais. Marisa Letícia era filha de agricultores de ascendência italiana. Nasceu em um sítio, numa casa de pau-a-pique, em São Bernado do Campo, no ABC paulista. Sua família mudou para o Centro da cidade e Marisa começou a trabalhar ainda criança. Foi operária de uma fábrica de chocolate e babá.
Casou, aos 19 anos. Seis meses depois, o marido, taxista, foi assassinado a tiros em uma tentativa de assalto, deixando a jovem viúva grávida de quatro meses do seu primeiro filho, Marcos.
Sua vida foi marcada por sofrimentos e dificuldades financeiras. Ela conheceu Lula, também viúvo, em 1973, no Sindicato dos Metalúrgicos da cidade. Ele trabalhava no Serviço de Assistência Social do sindicato quando Marisa foi buscar um carimbo para recolher a sua pensão como viúva. Os dois começaram a namorar e casaram-se menos de um ano depois.
O que se segue desse romance é digno de um conto de fadas. O espólio da dona Marisa é admirável até mesmo para países ricos. Não são muitas sociedades em que um casal de trabalhadores tem um patrimônio 11,7 milhões de reais (no cambio de hoje em torno de US$ 4 milhões). A soma do patrimônio do marido ao da falecida milionária, é raro encontrar, mesmo em sociedades ricas, um casal oriundo da pobreza que em pouco mais de meio século amealhou uma fortuna considerável.
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