"Cunha, guerreiro! Do povo brasileiro!" É pra rir?
Ah, bom
RIO - Sexo oral.
Falemos de sexo. Sim, chega de
baixo astral, crise política,
corrupção, inflação e desemprego. Merecemos um descanso. Tratemos do
assunto essencial, aquele que brilha os olhares, acelera corações, intumesce
tecidos cavernosos e esponjosos e faz brotar insuspeitas umidades por
reentrâncias anatômicas. Lubrifiquemos com os óleos potentes da fantasia nossas
mentes cansadas de tanta rotina chocha. Evoquemos o sexo oral, anal, grupal,
total. Delícia. Entreguemo-nos a delírios lúbricos de imaginárias surubas, bacanais,
ménages e orgias. Venha, acompanhe-me, o domingo sugere desprendimento e
transcendência, não permitamos que a mediocridade e a lassidão do dia a dia nos
resumam a seres esvaziados de libido e capacidade de sonhar. Deixemos que o
fôlego nos falte e que vinhos luxuriantes de Dionísio nos inebriem e nos
conduzam a uma cena de filme de sacanagem… peraí, problema. Acho que vamos ter
de parar, desculpe. Ei, parou, parou! Eu sei, você estava pegando um pique, eu
também, mas vamos ter de parar. Recomponha-se. É que as imagens de Dilma
Rousseff, Michel Temer, Renan Calheiros e Eduardo Cunha vieram-me à mente.
Acontece.
Quarteto Fantástico.
Por favor, não desista de ler.
Não me abandone neste momento crucial. Nem pense que a sugestão de falar de
sexo foi só um truque para atrair sua atenção. Eu tentei, juro, conclamar a
esta crônica ninfas safadas, cortesãs
experientes, sátiros sarados e efebos saltitantes. Mas à minha mente chegou
primeiro o sinistro quarteto fantástico
de Brasília: Mulher Invisível, Senhor Fantástico, Tocha Humana e o Coisa. E, como lhes é rotineiro, não quiseram
largar o osso. Você sabe como políticos e super-heróis podem ser
persistentes. Não quero dizer com isso que eles não devam frequentar fantasias
alheias, claro. Tem gosto pra tudo. O problema é que quando penso em Dilma,
Temer, Renan e Cunha, eu simplesmente saio do clima, entende?
Fica, Dilma!
Mas sigamos em frente, vejamos a
que nos conduzem os pensamentos brochantes. Sou desses que estão de saco
estourado pela corrupção, incompetência e arrogância do governo. Mas para a
infelicidade dos jihadistas do Estado Petista, que reduzem tudo a um
maniqueísmo rastaquera, continuo um defensor intransigente da democracia,
justiça social e liberdades individuais. Acreditava até hoje que se o impedimento
de Dilma não se desse por vias democráticas, que ela tivesse ao menos a
dignidade de renunciar ao cargo. Mas agora, ao me debruçar (sem duplo sentido)
sobre o tema, deparo-me com o seguinte e pavoroso quadro: num eventual
impedimento (ou renúncia) de Dilma Rousseff, seu sucessor seria o vice, Michel
Temer. E, no caso de impedimento deste, Eduardo Cunha assumiria o posto. Por
fim, se Eduardo Cunha sofresse também um impedimento (ou renunciasse), teríamos
o Renan Calheiros a presidir a nação. Socorro! Sabe o quê? Mudei de posição:
Fica, Dilma! E garanto que minha repentina virada nada tem a ver com o Kama
Sutra.
A Mulher Invisível.
“À mulher de César não basta ser
honesta. Ela tem de parecer honesta”, diz o provérbio romano. Aos políticos
brasileiros não basta ser desonestos, eles têm de parecer desonestos. Quem pode
confiar nesses seres rapinantes de conversa mole? Nas democracias, políticos e
governantes suspeitos ou acusados de crimes se afastam de seus cargos para se
defender e só retornam a suas funções caso sejam inocentados. O problema é que
se tal procedimento for adotado aqui, talvez não sobre ninguém para comandar a
nação.
O Coisa.
Analisemos o caso de Eduardo Cunha, o homem que tapa a boca
com as mãos para impedir que jornalistas captem de seus lábios as eventuais
perfídias que dali emanem. As acusações que recaem sobre ele dariam para
esgotar o estoque de prontuários de qualquer delegacia, mas ainda assim segue
impávido, e chegou ao cúmulo de, num evento recente, ser ovacionado por meia
dúzia de ratos pingados (e provavelmente contratados) que bradavam à sua
passagem: “Cunha, guerreiro! Do povo brasileiro!”. É pra rir? Ah, bom. Entre as
acusações contra o Coisa, uma particularmente chama a atenção: a suspeita de
que tenha usado igrejas evangélicas para lavar dinheiro. Alô alô, Ministério
Público, quando serão finalmente desmascaradas as quadrilhas demoníacas que
usam religião para explorar o povo e roubar e lavar dinheiro ilícito?
Tesão?
Eu devia ter continuado a falar de sexo, eu sei. Mas sabe o
que mais me preocupa? Estou começando a sentir tesão de falar de política.
Reparou como eu me animei com essa lama toda? Alguém aí conhece um bom
psicanalista?
DEPOIS DA ORGIA BRASILIENSE,
TODOS OS BRASILEIROS PRECISAM DE UM BOM PSICANALISTA,
POR NOS FALTAR UM MAIOR TESÃO.
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