QUEM MORRE É SANTIFICADO
POR QUEM NÃO LHE DEU APOIO EM VIDA?
SÃO PAULO — Em dez anos de idade foram três passagens em abrigos públicos. Não se sabe ao certo os motivos que o levaram aos cuidados do Estado, mas algumas vezes Ítalo de Jesus Siqueira chegou lá sem a companhia do pai ou da mãe, que estavam presos. O pai, até hoje numa penitenciária, responde por tráfico. A mãe, agora faxineira, passou anos atrás das grades acusada de roubo. Era a avó Zenaide, uma manicure de 56 anos, quem cuidava dele e dos seus irmãos. Ítalo morreu na noite de quinta-feira durante confronto com
policiais militares no Morumbi, bairro nobre da Zona Sul de São Paulo.
Segundo mais velho de quatro irmãos, Ítalo cresceu no Morro do Piolho, um amontoado de barracos de onde é possível observar altos edifícios de classe média, na Zona Sul da cidade. Ali, enquanto brincava principalmente de carrinho, sonhava em seguir os passos do pai, o MC Bocão, como era conhecido Fernando de Jesus Siqueira até ser preso em 2013.
— Ele gostava de cantar. Fazia as próprias letras e dizia que ia me sustentar — diz Cintia Ferreira Francelino, a mãe.
No processo que responde na Justiça, o pai de Ítalo se diz inocente e que foi acusado por policiais porque já tinha antecedentes criminais. Hoje separada do pai de Ítalo, Cintia ganha R$ 400 por mês.
O garoto estudava num colégio estadual da região. Estava no segundo ano do ensino fundamental. Os vizinhos dizem que Ítalo era um garoto esperto e bem humorado. Gostava de brincar na lan house da favela. Ítalo alternava jogos infantis com o GTA, game em que o personagem rouba carros e anda pela cidade realizando missões. Para pagar o uso dos computadores, faria pequenos furtos. Mas também fazia bicos. Ao lado do garoto de 11 anos que estava no carro, costumava trabalhar de engraxate no Aeroporto de Congonhas, perto da favela.
Por quatro vezes, o barraco onde morava pegou fogo, obrigando a família a mudar de endereço dentro da mesma favela. Na sexta-feira, ainda no IML à espera da liberação do corpo, Cintia falava que Ítalo era carinhoso com os irmãos.
— Ele não fazia mal a ninguém, pelo contrário, era muito carinhoso — disse a mãe. ERA TÃO CARINHOSO QUE USARIA UMA ARMA APENAS PARA FAZER CARINHO NAS PESSOAS,NÃO NOS IRMÃOS, COMO "DE COSTUME". CLARO QUE ELE NÃO PRETENDIA FAZER MAL A NINGUÉM COM UM SIMPLES TIRO. SUPONDO QUE ÍTALO TERIA ROUBADO UM CARRO, ISSO NÃO FARIA MAL A NINGUÉM?
O artigo acima foi escrito por Luiza Souto e Demitrius Dantas no jornal O Globo
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Ontem, uma jornalista, que sempre admirei, falou sobre Ítalo como se ele fosse um pobre coitado, que não merecia a violência que sofreu, embora a morte o tenha feito escapar de um triste futuro. Nem mereceria uma prisão, pois ela seria (e é verdade!) apenas uma punição. Então nunca devemos ser punidos por algo errado que fazemos, para nos desestimular a não cometer o mesmo erro outra vez?
Se o menino fosse para nossas prisões atuais ele sairia de lá com mestrado ou doutorado em criminalidade ! Não há melhor lugar para se aprender a atacar as pessoas! Por isso a morte seria a única forma de escapar a tudo que pudesse acontecer a ele futuramente e a todos os outros que seriam atacados por ele.
Além de se mostrar defensora de um menino que aos 10 anos já se mostrou "capaz" de roubar um carro e andar armado, disse a jornalista que o culpado é o Estado, por não criar a civilidade em um povo. Mas o que poderíamos esperar de um Estado cheio de meliantes, que também servem como exemplo para menores meliantes, pois já provaram que o fim justifica os meios e que a punição à criminalidade tem limites, só a criminalidade é que não tem. Além de ser a própria sociedade que criou essa corja que está aí e já se espalhou como carrapatos e não se cansam de sugar os cofres públicos.
Vamos, então, imaginar que Ítalo tivesse roubado o carro de um de seus defensores. Ou assaltasse quem tanto o defende! Vamos imaginar, também, Ítalo aos 15 ou 20 aninhos de idade. O que ele faria com tanta idade se aos 10 aninhos já rouba um carro e anda armado ?
Vamos até um pouco além em nossa imaginação. Vamos supor que o pobre menininho tivesse usado a arma que levava consigo e matasse a filha da jornalista. Ou a sua filha! Você o defenderia ?
Ítalo, como todos nós, não pediu para nascer. Responsáveis por tal situação, um tanto esdrúxula, seriam seus pais, que não tinham condições de cuidar de um filho, principalmente por viverem presos. Um péssimo exemplo !
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- Alguém já imaginou como deve estar se sentindo o PM que atirou no menino e o matou, principalmente depois da pressão que vem sofrendo? Todos pensam que ele está se sentindo bem ?
- Já viram manifestações pela morte de um policial que estava cumprindo sua função ?
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