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Seu doutô os nordestino têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão
Mas doutô uma esmola a um homem que é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão
É por isso que pedimo proteção a vosmecê
Homem por nós escoído para as rédeas do podê
Pois doutô dos vinte estado temos oito sem chovê
Veja bem, quase a metade do Brasil tá sem comê
Homem por nós escoído para as rédeas do podê
Pois doutô dos vinte estado temos oito sem chovê
Veja bem, quase a metade do Brasil tá sem comê
Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barragem
Dê comida a preço bão, não esqueça a açudagemLivre assim nós da esmola, que no fim dessa estiagem
Lhe pagamo inté os juro sem gastar nossa coragem
Dê comida a preço bão, não esqueça a açudagemLivre assim nós da esmola, que no fim dessa estiagem
Lhe pagamo inté os juro sem gastar nossa coragem
Se o doutô fizer assim salva o povo do sertão
Quando um dia a chuva vim, que riqueza pra nação!
Nunca mais nós pensa em seca, vai dá tudo nesse chão
Como vê nosso destino mecê tem na vossa mão
Quando um dia a chuva vim, que riqueza pra nação!
Nunca mais nós pensa em seca, vai dá tudo nesse chão
Como vê nosso destino mecê tem na vossa mão
VOZES DA SECA
Nos ciclos periódicos das secas no semi-árido do nordeste brasileiro, há uma predominância dos ciclos de aproximadamente 12 e 26 anos. A região é semi-árida e aquelas secas sempre existiram. Entretanto, parece que os primeiros registros somente foram feitos a partir de 1804. Também está registrado que a seca prolongada dos anos 1877 a 1879 foi uma das mais cruéis: três anos sem chover. O litoral é pouco afetado e os ciclos afetam mais o interior do nordeste, no chamado sertão nordestino. Parece ser daí a causa da falta de registros.O nordestino sertanejo sempre conviveu com aqueles ciclos e foi natural que políticos também se aproveitassem da seca para se promoverem. Instituiu-se a então chamada “Indústria da Seca” com a ajuda dos estados do sul.
Há 56 anos, em 1963, um ano antes da revolução de 64, Zé Dantas e Luiz Gonzaga gravaram uma canção comentando sobre aquela seca e criticando os “doutores” políticos cujos versos, infelizmente, ainda continuam muito atuais.
Naquela época aquela canção já era uma crítica e, ao mesmo tempo, um apelo para que os “doutores” mudassem seus comportamentos com relação à ajuda que os sulistas enviavam aos camponeses nordestinos mais pobres, por causa do longo período de estiagem pelo qual passavam.
Zé Dantas e Luiz Gonzaga não queriam ajuda em dinheiro e pediam investimentos na região. As bolsas-família ainda não existiam mas, logo na primeira estrofe, já se percebe que existia alguma coisa parecida.
VOZES (fracas) DA AJUDA GOVERNAMENTAL - BOLSA-FAMÍLIA
O quadro abaixo mostra que no final do ano passado, 2015, tínhamos quase 14 milhões de famílias recebendo bolsa-família correspondendo a cerca de 25 milhões de brasileiros. São números que nos mostram que um em cada quatro brasileiros está no programa da bolsa-família. Desse total, 50% dos beneficiados estão no Nordeste recebendo uma média de R$164,86 mensais por família (sic). É ou não é uma esmola parecida com aquela mencionada na canção? Auxílio que o mata de vergonha ou o leva a ser um jeca-tatu crônico.
REGIÃO............FAMÍLIAS.... ...%
Nordeste............6.904.406. .....50
Sudeste.............3.629.313. .....26
Norte.................1.645. 639......12
Sul.......................964. 175........7
Centro Oeste.......736.829........5
Sudeste.............3.629.313.
Norte.................1.645.
Sul.......................964.
Centro Oeste.......736.829........5
Total................13.880. 362....100
Esses são números que deveriam (como diz a letra da canção) não somente matar de vergonha aqueles que recebem, mas a todos nós brasileiros que têm os seus políticos de hoje ainda se orgulhando do tamanho enorme da comunidade brasileira que recebe o auxílio. Associada a uma propaganda governamental mentirosa, foi uma maneira dissimulada de comprar votos nas últimas eleições presidenciais.
Luiz Gonzaga nos deixou em 1989 mas, antes disso, em 1987, chegou a gravar a mesma música em dupla com o cantor Fagner. Nesta nova gravação eles colocam no final alguns cacos reclamando que, depois de passados 24 anos da primeira gravação, nada tinha mudado no Nordeste nem no Brasil.
Depois desta última gravação, novos 29 anos se passaram resultando que, desde 1963, há 53 anos, ainda é tudo a mesma coisa... nada mudou. Muito triste!
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