ADVOGADOS DE L. CONSEGUIRAM TRANSFORMÁ-LO EM RÉU CONFESSO
CARLOS NEWTON
Como tem acontecido todo final de semana, sem exceção, mais uma vez a mídia dos jornais e revistas foi tenebrosa para a presidente Dilma Rousseff e seu antecessor L. da Silva. As notícias traçam uma perspectiva sinistra para os dois, em viés de alta, sem que se vislumbre a menor possibilidade de que o quadro venha a melhorar para criador e criatura. A dupla enfrenta um inferno astral jamais visto na política brasileira, muito mais grave do que o famoso "mar de lama" de Getúlio Vargas, que hoje pode ser considerado uma simples marolinha.
Em meio à crise, de repente o PT e o PMDB acordaram, enfim perceberam que Dilma não tem salvação e passaram a investir contra ela.
O PT, por exemplo, reuniu seu diretório nacional no Rio de Janeiro para comemorar o 36º aniversário, e o prato do dia foi a presidente, vergastada por severas críticas de parlamentares e dirigentes petistas, incluindo o próprio presidente Rui Falcão. E tudo ocorreu com autorização de L., pois no PT ninguém se atreve a tomar qualquer posição que possa desagradá-lo.
Por seu turno, o PMDB passou a lutar para aprovar logo o impeachment de Dilma e salvar o vice Michel Temer, como se isso fosse juridicamente possível. As ações na Justiça Eleitoral são contra a chapa, e não apenas contra Dilma. Mesmo se ela for afastada, os processos continuam.
NA JUSTIÇA ELEITORAL
A situação se agrava progressivamente. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Dias Toffoli, determinou que as quatro ações contra Dilma/Temer sejam relatadas pela ministra Maria Thereza Moura, o que significa que elas serão unificadas e tramitarão juntas.
Ao mesmo tempo, o vice-presidente do TSE, o ministro Gilmar Mendes determinou que sete empresas contratadas pelo PT para a campanha sejam investigadas em várias frentes, como Ministério Público Federal e Polícia Federal.
Além disso, os processos já estão abastecidos com as provas de crimes eleitorais apontadas pelo juiz Sérgio Moro, que também enviou ao TSE a lista de testemunhas a serem ouvidas. E por fim, surgiu a comprovação de que a Odebrecht fez pagamentos milionários ao marqueteiro João Santana durante a campanha eleitoral, quando ele trabalhava com exclusividade para Dilma.
Cassação na certa, sem a menor dúvida, é apenas uma questão de tempo. Por isso o PT e o PMDB decidiram mudar as respectivas estratégias.
LULA DESABANDO
A tragédia anunciada parece não ter fim e o ex-presidente L. também está cada vez mais enrolado. Seus advogados, com Nilo Batista e o compadre Roberto Teixeira à frente, são patéticos. Para interromper as investigações do tríplex e do sítio pelo Ministério Público de São Paulo, recorreram direto ao Supremo, embora a competência constitucional seja do Superior Tribunal de Justiça. O Supremo pode até conhecer e julgar a ação, mas foi um risco desnecessário, a não ser que confiem na maioria petista do STF, digamos assim.
O pior foram os argumentos apresentados. Ao contrário de inocentar L., a defesa exibiu subsídios para condená-lo. Uma das alegações foi de que o amigo José Carlos Bumlai ofereceu a reforma do sítio, mas o advogado do pecuarista desmentiu de pronto a informação. Depois, disseram que L. só tomou conhecimento da compra do imóvel em 13 de janeiro de 2011, quando já havia deixado o poder, e que foi ao local pela primeira vez dois dias depois. Mas a mudança — paga pela Presidência — foi entregue dia 8 de janeiro, ou seja, três dias antes de L. ter tomado conhecimento da compra da propriedade. Assim, L. deixa mal dona Marisa, que teria sido a agente de tudo.
RÉU CONFESSO
Na petição ao Supremo, os advogados ainda revelaram ao Supremo que o sítio serviria para "acomodar" objetos que L. teria recebido do "povo brasileiro" durante seus dois mandatos. Acontece que nenhum ex-presidente pode levar presentes recebidos durante o mandato, especialmente peças valiosíssimas, como o sabre de ouro e pedras preciosas (opalas e safiras), oferecido pelo falecido líder líbio Gaddafi, ou a adaga marroquina de ouro, marfim, esmeraldas e brilhantes, presenteada pelo rei Mohammed VI, o camelo de ouro maciço e cristal, ofertado pelo sultão Bin Zayed, dos Emirados Árabes Unidos, ou a coroa de ouro e jade, doada pelo presidente da Coréia do Sul, Roo Moh Hyun.
Ou seja, L. tornou-se réu confesso de mais um crime – se apropriar de objetos pertencentes à União. Aliás, com advogados deste tipo, ninguém precisa de inimigos. E como L. é do tipo autocarburante, está se consumindo sozinho.
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