Cesar Benjamin
Não gosto quando as
pessoas se referem ao PT como “quadrilha”. Não contribui para o debate e é um
desrespeito a inúmeros simpatizantes petistas que são honestos.
Porém, é
perturbador constatar que o congresso do partido aplaudiu o ex-tesoureiro João
Vaccari de pé, por mais de um minuto. Vaccari está preso porque pesam contra
ele acusações fortíssimas e bem-fundamentadas de que foi um dos coordenadores
do processo de pilhagem da Petrobras.
Ao aplaudi-lo
assim, o PT aplaude essa pilhagem, solidariza-se com ela, assume publicamente a
defesa de uma prática criminosa que fragilizou grandemente a mais importante
empresa brasileira, seja do ponto de vista material, seja simbólico. O PT deu
uma bofetada no Brasil e nos avisou que faria tudo outra vez.
A única explicação
para esse comportamento também é perturbadora: ao aplaudir Vaccari
freneticamente, demonstrando-se tão solidário a ele, o PT tenta assegurar seu
silêncio. Se ele falar o partido acaba.
Recentemente
declarei que tinha esperanças de que as aspirações da sociedade – e
principalmente, da antiga base social do próprio PT – se expressassem no
congresso do partido. Eu estava errado. Qualquer levantamento mostrará que 100%
dos participantes do congresso são funcionários do governo, do partido ou de
suas organizações afins, como já vinha ocorrendo em congressos anteriores. Não
há lá operários de chão de fábrica, professores que estejam em sala de aula,
ninguém que compartilhe o dia a dia dos trabalhadores brasileiros.
O que mais assusta
essa gente, e o que a ocasiona, é o pavor de ter de retornar, um dia, ao mundo
do trabalho, que ficou para trás. É o triste fim de um caminho.
Abraços, César
Benjamin.
Nenhum comentário :
Postar um comentário