O Rio de Janeiro é uma cidade cercada de livrarias mortas por todos os lados, um cemitério de livros que jamais serão lidos, de palavras que para sempre assim jazerão, algumas estranhas, outras peremptoriamente compridas, mas lindas, todas agora esquecidas sem qualquer olho que lhes bata em cima, sem qualquer língua que as jogue de novo no meio da rua.
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As obras do VLT cercaram a área, os camelôs tomaram a calçada, os assaltantes bateram a carteira de quem ainda a tinha e o resto ficou por conta do anúncio de que a próxima atração cultural é o livro de unir os pontinhos. Parece que no mundo todo tem sido assim. Ano passado foi a Rizzoli, em Nova York. Agora chegou a vez da Da Vinci, nas fraldas do Morro do Castelo. É a ordem da nova civilização digital: fechem as portas desse perfume antiquado e abafem o mau cheiro dos cupins.
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Foram-se o pé de jambo, o Caporal Amarelinho, o guarda-noturno, a anágua engomada, o verbo escorreito, o hímen complacente e agora, uma depois da outra, lá se estão indo as lojas de tijolos que vendiam livros de papel. As lágrimas pelo seu desaparecimento são cada vez mais discretas. No início do ano, sem qualquer linha nos jornais, fechou na Rua Miguel Couto a livraria Padrão. Se não fosse um velhinho que saía do sassarico na porta da Colombo e, colegamente, veio me informar, ninguém mais teria notado o desaparecimento deste outro canapé com groselha da civilização local.
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Hoje, os ratos são os da Fifa. Ninguém mais quer roubar livros.
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Se você insiste em ser um inocente útil ou um bom eleitor, não leia.
DESCONHEÇA AS FALCATRUAS QUE SÃO FEITAS DIARIAMENTE.
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