Embora esteja passando por uma fase difícil, é óbvio que o PT não desistiu de seu projeto de poder. O partido certamente disputará a eleição de 2018. Tem até um candidato, LI L--- da Silva, que, em condições normais, seria muito difícil de derrotar.
O plano A do PT é fazer agora um ajuste recessivo forte e rezar para que, a partir de 2017, o país esteja crescendo. Nesse caso, L--- disputaria a sucessão de Dilma como continuidade. A trajetória do PT de combate à pobreza, iniciada pelo metalúrgico em 2003, seria uma história de sucesso. A crise não passaria de um breve hiato, provocado por uma conjunção infeliz de problemas externos com conspirações internas.
O problema é que não há nenhuma garantia de que a economia brasileira responderá bem ao ajuste. Se, à medida que nos aproximarmos do pleito, a situação ainda for de crise, L--- precisará de uma narrativa diferente. Para posar de cavaleiro magnífico que vem resgatar a virtude perdida –uma imagem poderosa–, ele terá de oferecer alguma explicação de por que as coisas saíram de controle. Na versão light, põe-se a culpa nos tucanos ou na mídia. Se não convencer, Lula terá de rifar Dilma, dizendo que ela foi sequestrada pela direita ou coisa parecida. Assim, é possível que em breve comecemos a assistir a um clássico episódio de rompimento entre criador e criatura.
Hélio Schwartsman é bacharel em filosofia, publicou 'Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão' em 2001. Atualmente tem uma coluna que vai de terça a domingo
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