'Me segue!'
Aurílio Nascimento
O motorista é surpreendido por dois sujeitos em uma motocicleta que emparelha ao seu lado. Ouve em seguida o grito determinando: "me segue!". Olha pelo retrovisor e percebe o carro com homens suspeitos. A motocicleta avança para a frente do caminhão, guiando-o para o interior de uma favela próxima. Nervoso, trêmulo, olha para o ajudante ao seu lado e pede calma. Ao entrar numa rua da favela, fica espantado. Além de bandidos portando fuzis e pistolas, há dezenas de pessoas na rua, como se estivessem na fila de um supermercado. São homens, mulheres, adolescentes, crianças e idosos. . Percebe também que, no fim da rua, há vários carros estacionados com as malas abertas.
Seu nervosismo aumenta. Sabe que se trata de um assalto. Mas o que significam todas aquelas pessoas? Um bandido o aborda aos gritos: o que tá carregando? Outro determina a abertura do baú de carga. Na esquina, vários marginais posicionam-se e apontam suas armas para a entrada da favela. Chamam a isto de contenção. Logo que o baú é aberto, a multidão aproxima-se. A carga é imediatamente descarregada na rua. Os donos dos veículos estacionados ao fim da rua, com as malas abertas, são ambulantes. Uma espécie de leilão é feito em minutos. Os veículos são carregados apressadamente. O que sobra é distribuído entre as pessoas. Os gritos, junto com a correria, aumentam o nervosismo do motorista e seu ajudante. Rezam em silêncio pedindo que tudo acabe logo. Ao receberem a ordem para ir embora, notam que os motoristas dos carros estacionados no fim da rua pagam aos marginais.
As cenas descritas acima são reais, e acontecem quase todos os dias no Rio de Janeiro, principalmente nos arredores da Pavuna. Rouba-se de tudo. Alimentos, material de construção, móveis, eletrodomésticos, remédios, cosméticos.
Boa parte do butim foi para beneficiários de programas sociais do governo. Os ambulantes, dedicados ao crime, pagam. Minutos depois, pode-se localizar parte das mercadorias facilmente. Será vista sobre caixotes de madeira numa "feirinha" ali próxima, que funciona sete dias por semana. Outra parte irá abastecer "biroscas" por toda a favela. É possível comprar uma lata de leite especial, que em uma farmácia custa R$ 85, por módicos R$ 30. Sobre a "feirinha", a passarela de acesso ao metrô ferve de ambulantes. Junto a estes que oferecem mercadorias de origem desconhecida, em sua maioria, assaltantes atacam os pedestres levando celulares e bolsas. Abaixo, se observa o frenético movimento de motoboys, boa parte sem habilitação. A constatação é clara: ali é um mundo a parte, um mundo sem lei. E não é o único.
O que aqui se observa é a existência de tumores pustulentos desenvolvendo-se sob o tecido social, ignorados solenemente pelos governos. E então surgem os "policiólogos", apontando seus dedos calejados por contar dinheiro público, afirmando que a culpa é da polícia. A chance de coordenar e governar uma sociedade através da educação, do destaque de valores morais, do respeito, esvaiu-se sob o discurso esquerdista de que pobre é vítima da sociedade e, portanto, pode tudo, iniciando por transgredir não só as normais legais mas as mais básicas de convivência social.
... necrose social avança.
BANDIDO É BANDIDO. A ÚNICA DIFERENÇA É QUE UNS VESTEM PALETÓ E GRAVATA E SE DISFARÇAM, ENQUANTO OS OUTROS, SE CONFORMAM COM CAMISETAS E BONÉS COM A ABA PARA TRÁS.
BANDIDO É BANDIDO.
A DIFERENÇA É O ESTILO.
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