Ministério de Dilma: mediocridade é a regra
JULIA
DUAILIBI
A
presidente Dilma Rousseff anunciou ontem treze novos
ministros. Somados aos quatro
nomes divulgados em novembro, entre os quais os três da equipe econômica, a
presidente já definiu 17 dos 39 assentos da Esplanada.
É
um banho de água fria para aqueles que compraram a tese da mudança no segundo
mandato. Nas indicações de ontem, manteve-se
como regra a filiação partidária: dos treze nomeados, onze vêm com a benção
de algum partido. Há aumento da influência do PMDB, que passou de cinco
para seis ministérios (Agricultura, Pesca, Turismo, Aviação Civil, Portos e
Minas e Energia), e espaços distribuídos para PRB (Esporte), PC do B (Ciência e
Tecnologia), PT (Defesa), PSD (Cidades) e Pros (Educação).
Dilma
privilegiou os laços políticos dos novos ministros. Anunciou o ex-prefeito de Ananindeua Helder
Barbalho (PMDB-PA), filho do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), para a Pesca.
No Esporte, indicará o radialista, apresentador de televisão, teólogo e
animador George Hilton (PRB-MG). Não se sabe ainda qual é a experiência
dele na área, estratégica no segundo mandato em razão da Olimpíada de 2016 na
cidade do Rio de Janeiro. Mas o importante é que ele é aliado do senador
Marcelo Crivella (PRB-RJ), derrotado na disputa pelo governo do Rio e que
tem ambições eleitorais naquele Estado.
Não
é novidade o loteamento ministerial. O que chama a atenção é que a
presidente não conseguiu, ao menos por enquanto, casar as indicações
políticas com nomes de maior densidade técnica. Nenhum “notável”, nenhuma
grande referência de setores estratégicos ou produtivos. Nem mesmo o
senador Armando Monteiro (PTB-PE), que foi presidente da Confederação Nacional
das Indústrias e que vai para o Desenvolvimento, se destaca hoje como nome do
empresariado. Talvez a única exceção seja a presidente da Confederação Nacional
da Agricultura, a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), que vai ocupar a pasta da
Agricultura e que, de fato, é representante do setor. Mas ainda assim é uma
parlamentar, e sua indicação atende também o PMDB.
Até
agora, Dilma só conseguiu surpreender em novembro com a nomeação de Joaquim
Levy para Fazenda, a única indicação com potencial para trazer alguma
novidade nos rumos da administração. A regra na montagem de seu segundo mandato
tem sido a da mediocridade, com o objetivo de domar os partidos da base
e evitar problemas no Congresso.
Mas
nem isso está garantido. É insaciável o apetite dos aliados. Logo mais a
insatisfação vai aparecer, principalmente durante o festival de nomeações no
segundo escalão. É só esperar.
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