BRASILIA,
15 de abril de 2015.
Às suas Excelências senhores Deputados Federais,
senhores Senadores, senhor Presidente da Câmara dos Deputados e senhor
Presidente do Senado.
A democracia brasileira está fragilizada. A
República está em risco. E o povo
brasileiro está farto
O povo cansou do desrespeito e da incompetência de
alguns políticos e governantes brasileiros e exige mudanças já.
AS RAZÕES
Vivemos um quadro assustador de corrupção no seio
dos poderes constituídos. A corrupção é histórica, sim, e nem por isso
admissível. Há 12 anos, porém, ela se tornou sistêmica e se institucionalizou
na máquina pública em níveis sem precedência, como nunca antes visto. Um câncer
a comer as entranhas já podres do país. Os sucessivos escândalos nos órgãos e
empresas públicas vêm à tona e envergonham a nação. Agravado pela impunidade
reinante, nós, cidadãos brasileiros, vivemos uma sensação de desesperança. A justiça
não consegue cumprir seu papel de forma neutra e sem interferências de outros
Poderes. O Executivo, tentando proteger suas bases de apoio político, interfere
no livre andamento das investigações que deveriam ser conduzidas imparcialmente
pelo Judiciário. Quando passamos a acreditar que malfeitores pudessem ser
penalizados, assistimos, incrédulos, ao tratamento privilegiado a políticos
criminosos, que não mais se encontram onde deveriam estar: junto aos outros
contraventores, presos. O Brasil, ao tratar de forma diferenciada políticos e
trabalhadores, não conseguiu deixar de ser um país injusto.
A associação da corrupção com a impunidade impede
o Brasil de se tornar um país desenvolvido.
O povo brasileiro, cansado e indignado, quer dar
um BASTA nisso.
A ineficiência da gestão pública é outro tumor
maligno que adoece o país. É responsável por fazer do Brasil um país desigual,
mais pobre, e estagnado. O Brasil não suporta mais o inchamento, o amadorismo e
o clientelismo das máquinas públicas, o conhecido “toma-lá-dá-cá”. No plano
federal, as contas não fecham. A Lei de Responsabilidade Fiscal, depois de
desrespeitada, foi alterada para acobertar o crime cometido pelo Governo
Federal e pela Presidente.
Obras, quando finalizadas, são entregues a custos
inaceitáveis, ofensivos para os reais financiadores, os contribuintes. O
excesso de servidores comissionados agride os cofres públicos e a mínima
decência. Programas sociais são descontinuados. Os que continuam têm um claro e
explícito ar eleitoreiro. Os programas sociais condenam os mais carentes à
escravidão em lugar de promover-lhes o crescimento. A lógica é da
universalização dos benefícios e não das oportunidades. A saúde vive
eternamente na UTI. Brasileiros morrem diariamente nas filas do SUS.
A violência urbana cresce em escalada incontida,
principalmente nas periferias, matando principalmente crianças e adolescentes,
que perdem a vida na guerra diária das drogas. Mais de 50.000 mortes violentas
por ano denunciam a falência completa da ordem pública. É uma guerra não
anunciada. O sistema público educacional não consegue cumprir sua função maior
de formar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres. Não forma alunos
preparados para ingressar no ensino superior. Não capacita os jovens a ser
profissionais qualificados. A economia enverga. Os empregos somem. A inflação
cresce. A moeda se desvaloriza. Administra-se por contingências — em um eterno
apagar de incêndios. Aumentam-se as tarifas, os preços controlados e os
impostos. E o pior: para reparar seus maus feitos, o governo pede ao povo para
pagar a conta da ineficiência.
Pagamos impostos a fundo perdido. Impostos que não
voltam à sociedade na forma de serviços básicos de qualidade. Tributos, que
deveriam servir aos interesses e necessidades do povo, principalmente dos mais
carentes e necessitados, são desviados, via corrupção, para enriquecimento
próprio, para o populismo, para a conquista e manutenção de poder.
O governo federal está sem rumo. O povo
brasileiro, farto e escorraçado, quer dar um BASTA nisso.
No campo da moralidade, a ética e a decência
desapareceram. A mentira passou a ser procedimento costumeiro nos
pronunciamentos do governo federal à nação. A trama da manipulação de dados é
um aliado habitual para justificar os consecutivos erros. Contabilidade
criativa é o eufemismo que se usa para explicar o injustificável. Não existe
transparência nos atos e nas contas. Não existe por parte do governo o
reconhecimento dos equívocos e de suas fragilidades. Não existe pudor.
A falta de vergonha com que se diz a mentira como
se fosse verdade é cínica e abusiva. Assustadoramente, criamos uma geração de
crianças e jovens que assistem à mentira como padrão de comportamento de
governantes, geralmente acompanhado de enriquecimento pessoal. Exemplo maior
ocorreu nas eleições de 2014, quando a presidente Dilma Rousseff deflagrou o
mais escancarado estelionato eleitoral da história do Brasil. O partido do
governo, além de ser conivente com estas práticas, trata seus membros
criminosos como ídolos e continua a lhes atribuir poder. O Partido dos
Trabalhadores teve 13 anos de poder para mudar o Brasil, conforme prometeu em
sua carta ao povo brasileiro em 2002. Ele recebe agora, do mesmo povo, uma
carta que repudia a situação na qual o país foi deixado.
O povo brasileiro, desrespeitado e inconformado,
quer dar um BASTA nesse estilo ilegal, ilegítimo e antiético de fazer política.
Escondem-se do povo inaceitáveis associações
internacionais que ameaçam a democracia. O governo brasileiro patrocina,
através de supostos investimentos e aberta ideologia partidária, países
totalitários e populistas, organizados através do Foro de São Paulo. Este clube
reúne todos os partidos de extrema esquerda da América Latina e Caribe, além de
possuir visíveis indícios da participação de organizações criminosas e
terroristas, como as FARC. O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, com forte
influência no atual governo para o qual fez campanha, vem há anos, neste clube,
idolatrando as práticas de líderes totalitários, entre outros da Venezuela,
como Hugo Chávez e Nicolas Maduro.
O povo brasileiro não mais ignora este projeto e
educa-se politicamente para discernir o certo do errado.
Quem deveria resolver estes graves problemas do
Brasil?
A REPRESENTATIVIDADE
Como representantes constituídos pela sociedade,
resta a Suas Excelências o DEVER de atuar na solução destes problemas.
A trágica realidade brasileira, agravada por um
sistema político com fortes traços populistas, e que não tem a sociedade como
principal beneficiária, vem há uma década indignando o povo brasileiro, que não
mais aceita ser apenas um coadjuvante no projeto do governo.
E O POVO
ACORDA
Cansados deste cenário frustrante, ao longo dos
últimos anos, vários movimentos democráticos e apartidários lideram nas redes
sociais campanhas maciças de conscientização do povo para as grandes questões
políticas e sociais. Em 2013, grupos saíram às ruas em protesto contra atos do
governo federal, da classe política e do judiciário. Diante da situação que
passou de grave a inaceitável, a partir de outubro de 2014 movimentos passaram a sair às ruas de forma
consistente e organizada. Até fevereiro de 2015, foram seis manifestações de
massa, e vários atos públicos simbólicos em dezenas de cidades por todo o país.
Diante da ausência de resposta do governo e do
Congresso, em março e abril de 2015, num espaço de quatro semanas, o povo saiu
às ruas nas duas maiores manifestações espontâneas da história da América
Latina. Elas ocorreram em mais de 450 cidades por todo o Brasil, em todas as
regiões. Trouxeram às ruas mais de três milhões de brasileiros de todas as
classes sociais, indignados com o desrespeito do governo e da classe
política. A voz das ruas é uníssona:
desaprovação ao governo federal; solicitação de julgamento neutro e condenação
de todos os envolvidos em crimes de corrupção; repúdio e revolta às manobras
descomprometidas com a justiça e a verdade, protagonizadas por membros da mais
alta corte da justiça brasileira.
Os históricos protestos, mesmo envolvendo milhões
de pessoas, foram pacíficos, democráticos, cívicos e ordeiros. O povo vai às
ruas na esperança de ter sua voz e seus pleitos ouvidos por aqueles que
constitucionalmente estão na condição de representantes de seus interesses.
Verdade legal que, hoje, desperta dúvida real, uma vez que o próprio
representante que não dá a devida atenção a tais pleitos, põe em questionamento
tal legitimidade.
Note-se que para cada uma das grandes
manifestações de março e abril o Governo Federal e o Partido dos Trabalhadores
também chamaram, em datas próximas, seus simpatizantes para virem às ruas. Em
março, o número de pessoas pró-governo foi 40 vezes menor que os manifestantes
contra o governo. Em abril foi 100 vezes menor e acompanhado de violência.
A proporção entre os movimentos de rua pró e contra
governo demonstra o sentimento e o posicionamento da sociedade diante da grave
situação política, econômica e ética do país.
Diante disso, os representantes do povo devem agir.
PROPOSTAS CONCRETAS
Atendendo a urgência que o momento exige, viemos, neste
instante, apresentar ao Congresso Nacional a primeira pauta de reivindicações
da agenda construtiva para um novo Brasil:
1)
Enfrentamento real da corrupção através do fim da impunidade:
a) aprovar, prioritariamente, as 10 medidas de
combate à corrupção apresentadas pelo MPF;
b) submeter os acordos de leniência à anuência do
Ministério Público;
c) apoiar incondicionalmente o Juiz Sergio Moro, o
Ministério Público Federal, e a Polícia Federal nas investigações da Operação
Lava Jato;
d) agravar as penas para corrupção, aprovando-se o
projeto de lei 915, que cria o crime de Lesa Pátria;
e) fortalecer a Polícia Federal para combater a
corrupção;
f) indicar servidores concursados, de carreira,
idôneos, com amplo reconhecimento e competência comprovada, para os cargos do
STF, STJ, TCU, STM, MPF e TSE, com prazo de mandato definido e com posterior
quarentena;
g) Senado exercer papel de controle efetivo da
capacidade dos indicados acima, por meio de sabatina, com critérios objetivos
de imparcialidade, convidando técnicos da OAB, CNJ e MPF para compor o grupo
avaliador;
h) Implementar eleições diretas por entidades
representativas para escolha dos Procuradores-Gerais, com o fim de listas
tríplices e escolhas arbitrárias pelo chefe do Executivo;
i) afastar o ministro Dias Toffoli do STF e TSE
por não atender ao critério de imparcialidade;
2)
Sobre a Presidência da República
a) Pedir ao STF e ao Procurador Geral da República
a abertura de investigação por crime comum da cidadã Dilma Vana Roussef;
b) apreciar com transparência os pedidos de
impeachment contra a presidente Dilma Roussef apresentados ao Congresso;
3)
Choque de ordem e transparência na gestão pública:
a) Abertura total dos contratos de empréstimos
realizados pelo BNDES, fim de empréstimos do BNDES a outros países e a empresas
doadoras em eleições. Rejeição da MP 661;
b) reduzir o número de ministérios, o número de
cargos comissionados e o tamanho da máquina pública;
c) transparência nas contas de todas as empresas
públicas ou com participação societária do estado brasileiro;
d) total transparência e redução dos gastos de
parlamentares e governantes, incluindo os cartões de crédito governamentais;
e) “Revalida” para todos os médicos estrangeiros
atuando no Brasil;
f) redução e simplificação dos impostos.
4)
Educação
a) Qualidade total na educação básica, sendo a mesma
universal e meritocrática;
b) fim da doutrinação ideológica e partidária nas
escolas. Aprovação do PL 867/2015, “Escola Sem Partido”.
5)
Ajustes no processo político eleitoral
a) Maior justiça, legitimidade e
representatividade nas eleições pela implantação do Voto Distrital;
b) Eleições com registro eletrônico e impresso do
voto, auditáveis por empresa idônea e partidos;
c) revisão do financiamento público de campanhas.
O Estado não suporta mais patrocinar a atual farra eleitoral;
d) Mandato único – Fim de reeleição para todos os
cargos executivos.
É
importante frisar que novas pautas serão apresentadas e outras complementadas,
nas próximas semanas, vindas do diálogo com as ruas, e conduzidas pelos vários
movimentos democráticos, ressaltando que repudiamos qualquer tipo de controle
da mídia ou limitação na liberdade de expressão irrestrita de todo e qualquer
brasileiro.
O POVO QUER AÇÕES,
NÃO PROMESSAS.
A expectativa do povo brasileiro é que o Congresso
Nacional não os abandone em seu dever moral e constitucional, encaminhe e
execute essas demandas do povo brasileiro.
Cada parlamentar, individualmente, deve se comprometer publicamente com
o povo a promover esta execução de forma sistemática e organizada, com agenda e
pauta e encaminhar as demandas com a rapidez que o momento exige. Não queremos
discursos nem promessas. Queremos ação efetiva em busca de soluções que
signifiquem avanços políticos e sociais para o Brasil através dessas
demandas. Queremos proatividade,
rapidez, objetividade e determinação em executá-las.
As bases para a construção de um novo presente e
futuro para nossa nação estão lançadas. Elas levarão nosso país para onde os
brasileiros já mereciam estar há muito tempo.
Acabou-se o tempo do conformismo. Os trabalhadores
brasileiros não mais tolerarão políticos que governam para causas
próprias. Não mais assistirão
impassíveis às manobras que visam à manutenção do poder. Não mais aceitarão um
governo mentiroso.
BASTA de
desrespeito.
Estaremos atentos às ações do Congresso a partir
de hoje, para observarmos qual a prioridade que ele dará à execução expressa
das reivindicações das ruas. Estaremos igualmente atentos às ações do Executivo
e do Judiciário, que têm papel de protagonismo em várias das reivindicações
apresentadas. Os resultados efetivos que os três poderes atingirem na execução
das demandas apresentadas levarão os brasileiros a decidir como proceder daqui
para frente.
Os Movimentos de rua, que aglutinaram milhões de
brasileiros indignados, continuarão a atuar quando necessário, seja em caráter
de massa ou local, sempre de forma ordeira, constitucional e incisiva.
Exigimos um país politicamente mais ético,
economicamente mais forte, socialmente mais justo. Não aceitaremos nada menos
do que isso.
Um Brasil do qual seu povo, nesta e nas próximas
gerações, possa finalmente se orgulhar.
Brasília-DF,
15/04/2015
Movimentos
signatários: Avança
Brasil – Mudança Já; Basta
Brasil; Brava
Gente Brasileira; Chega
de Impostos; Diferença
Brasil; Eu
Amo o Brasil; Instituto
Democracia e Ética; Movimento
31 de Julho; Movimento
Acorde; Movimento
Brasil Contra a Corrupção; Movimento
Cariocas Direitos; Movimento
Cidadania Brasil; Movimento
Fora Dilma; Movimento
Jovens Transformadores; Movimento
Guarulhos Livre; Movimento
Muda Brasil; Movimento
Pró Brasil; Movimento
Quero Me Defender; Movimento
Voz do Brasil; Muda
Brasil; Nação
Digital; Nas
Ruas; Organização
de Combate à Corrupção; Pátria
Livre; Reage
Brasil; Vem
Pra Rua.
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