23 ANOS DEPOIS,
Vemos que tudo estava
combinado.
SILVIO GRIMALDO DE
CAMARGO *
Em entrevista exibida pela Globo News em 2009, Luiz Felipe
Lampreia, ex-ministro das Relações Exteriores, diagnosticava: “O que explica a
confusão da América Latina é o Foro de São Paulo”.
O Foro de São Paulo é uma organização que reúne de maneira
promíscua partidos políticos legais, organizações terroristas e grupos
narcotraficantes. Ele foi fundado em 1990 por L.I. e Fidel Castro, que
prometiam (o que nosso ex-presidente sempre fez) reconquistar na América Latina o que se havia perdido no Leste
Europeu. Seu objetivo era traçar estratégias comuns e lançar “novos esforços de
intercâmbio e de unidade de ação como alicerces de uma América Latina livre,
justa e soberana”. A unidade estratégica dessas organizações visava tomar o
poder em todo o continente, criando uma frente de governos socialistas em
oposição aos Estados Unidos. Hoje, duas décadas depois, o Foro de São Paulo
governa 16 países, nos quais aplica a mesma agenda de aparelhamento do Estado,
de limitação das liberdades civis, de relaxamento no combate ao narcotráfico,
de perseguição à oposição e à imprensa livre.
O “Plan de Acción” aprovado e publicado nas atas do seu 19.º
Encontro, ocorrido em São Paulo no começo deste mês, confirma e reforça o pacto
estratégico e o compromisso solidário estabelecidos 23 anos atrás. Os efeitos
práticos dessa solidariedade política ficam claros quando observamos a
submissão do governo petista às diretrizes do Foro, em detrimento dos
interesses nacionais, como ilustram alguns casos da nossa política recente.
Em 2005, o representante das Farc no Brasil, Olivério
Medina, foi preso numa ação conjunta entre a Polícia Federal e a Interpol.
Medina era procurado na Colômbia por diversos crimes – homicídio, sequestro e
contrabando de armas – e o governo colombiano pediu sua extradição. O
presidente L.I. não apenas lhe negou o pedido como concedeu ao terrorista o
status de refugiado político. Logo depois, a esposa de Medina, Angela Maria
Slongo, foi ocupar um cargo de confiança no Ministério da Pesca, a pedido de
Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil.
Em maio de 2006, Evo Morales estatizou duas refinarias da
Petrobras na Bolívia, depois de ocupadas e tomadas pelo exército boliviano. O
governo brasileiro respondeu com um afago e, dois anos depois, L.I. anunciava
um empréstimo de US$ 332 milhões a Morales, para a construção de uma rodovia.
Em 2011, Dilma Rousseff anunciou mudanças no Tratado de
Itaipu, atendendo a um pedido de Fernando Lugo, presidente do Paraguai e membro
do Foro de São Paulo. A senadora Gleisi Hoffmann, do PT, foi a relatora da
matéria no Senado e defendeu a aprovação das alterações, que fizeram triplicar
a taxa anual paga pelo Brasil ao Paraguai pela energia não usada da Usina de
Itaipu, saltando de US$ 120 milhões para US$ 360 milhões.
A decisão do governo federal de trazer médicos cubanos ao
Brasil é apenas uma manobra do Foro de São Paulo para financiar a indústria de
“missões humanitárias” de Havana. Segundo dados levantados pela jornalista
Graça Salgueiro, mais de 20 países recebem serviços médicos de Cuba. Os
países-clientes pagam pelo serviço ao governo cubano, que repassa apenas uma
pequena parte do dinheiro aos médicos. Raúl Castro arrecada nada menos que US$
6 bilhões anuais com o envio de médicos ao exterior. Calcula-se que o Brasil
enviará centenas de milhões de dólares aos cofres cubanos com a importação dos
médicos. O dinheiro que poderia ser investido no sistema público de saúde
brasileiro vai financiar uma ditadura comunista.
Quando o filósofo Olavo de Carvalho começou a denunciar o Foro
de São Paulo, políticos, empresários e jornalistas preferiram ignorá-lo,
acreditando que o bicho era manso. Mas o bicho era bravo e agora cresceu
formidavelmente; já não sabemos se ainda é possível derrotá-lo.
Publicado no jornal Gazeta do Povo.
* Silvio Grimaldo de Camargo é sociólogo e editor.
Ao final de cada página deste blog entrará uma espécie de 'piadinha'
para tornar este espaço mais leve, se for possível:
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