1/12/2015 - 03h00
Renan Calheiros é tudo, menos bobo. Enquanto mereceu a confiança de Michel Temer, disse-lhe coisas impublicáveis sobre Dilma. Tão logo achou mais vantajoso trocar de lado, aliou-se à Dilma e contou-lhe o que ouviu de Temer.Estaria bem se não estivesse encrencado na Lava-Jato. Responde a seis inquéritos contra três de Eduardo. Mas os de Eduardo nós conhecemos bem; os de Renan, pouco. Por que será?
L--- é tudo, inclusive bobo quando lhe interessa. À Polícia Federal, em depoimento na semana passada, confessou que lhe passaram a perna mais uma vez como já acontecera no caso do mensalão. Nomeou, sim, os diretores que roubaram a Petrobras, mas nada teve a ver com a sua indicação. Foram indicações políticas bancadas pelos chefes da Casa Civil dos seus dois governos, José Dirceu e Dilma Rousseff. SE NÃO PERTENCE À QUADRILHA LULISTA, É INCOMPETENTE, PORQUE NUNCA SABE DE NADA, QUANDO DEVERIA SABER DE TUDO.
É aqui que Renan e L---se encontram, porém não só. Se precisar, traem a pretexto de que a política real se faz também com traições. De outra forma ela não seria possível. E em defesa de suas biografias, entregam sem remorsos os que lhes serviram com lealdade. A entrega é mais especialidade de L--- do que de Renan, e marca notável de sua trajetória política.
A situação de Renan é pior do que a de L---. Ele é investigado pela Lava Jato. L---, por ora (21/12/2015), não passa de informante. Renan é acusado de ter recebido propina em negócios da Petrobras. L--- de nada é acusado. É suspeito de muita coisa. Mas ninguém diz que é. O juiz Sérgio Moro costuma dizer que não investiga pessoas, mas fatos. Por meio deles chega às pessoas. Cuide-se, Lula!
Embora no olho do furacão, Renan imagina salvar-se do pior, que seria a cassação do seu mandato seguida de prisão, buscando o apoio de Dilma. Um precisa do outro.
Renan pode barrar no Senado o pedido de impeachment. Mas Dilma nada pode garantir a Renan, nem mesmo um telefonema para Moro. Talvez garanta que o governo o ajudará a preservar o mandato.
Por L---, Dilma e o ministro da Justiça têm agido às sombras. Há pouco mais de 10 dias, o ministro voou de madrugada a Curitiba e, ao chegar, logo se reuniu com agentes da Polícia Federal.
Estava preocupado com L--- e com um dos filhos dele que embolsou mais de R$ 2 milhões para copiar textos da internet a título de consultoria prestada a uma empresa. O que o ministro disse e ouviu não se sabe.
Em seguida, foi L--- que voou a Brasília para depor em segredo. O que ele disse e ouviu já se sabe. O que disse serviu para reforçar os traços mais perversos do seu caráter – ou da falta dele.
José Dirceu perdeu o emprego, o mandato de deputado e a liberdade para que L--- continuasse no poder como o presidente enganado pela organização criminosa que se apoderou de parte do aparelho do Estado.
Nem por isso L--- deixou de entregá-lo pela segunda vez – desta no caso do assalto à Petrobras. Por tabela entregou Dilma, que substituiu Dirceu na Casa Civil.
Outro dia, ele já havia entregado Dilma no caso de três Medidas Provisórias suspeitas de terem sido compradas para beneficiar a indústria automobilística. L--- disse que não as assinou. Mentiu. Assinou uma delas, e Dilma as outras.
Se doravante o impeachment for ladeira a baixo, Renan e L--- ajudarão a enterrá-lo. Do contrário, Renan o levantará como o capitão do time que celebra a conquista de um título.
E L---, fingindo-se de indignado, irá para a reserva à espera de ser convocado de novo para jogar.
Começamos a semana dentro do seguinte quadro:
1 – A (ainda) presidente Dilma, ameaçada de impeachment;
2 – O vice-presidente Temer, citado como tendo recebido propina do PETROLÃO, coisa que ele não nega, mas diz que foram doações legais ao PMDB, devidamente contabilizadas e declaradas às autoridades competentes;
3 – O presidente do Senado, Renan Calheiros, encalacrado com vários processos no STF, e com seus sigilos “quebrados” por ordem judicial;
4 – O presidente da Câmara, envolto em assuntos escusos, contas secretas no exterior, ameaçado de ser afastado do cargo, e chamado de delinquente pelo PGE, Rodrigo Janot;
5 – O STF sob suspeita de uma eventual “bolivarização”. No mínimo um certo aparelhamento;
6 – O cárcere da PF em Curitiba, transformado em SPA preferencial de grandes empresários brasileiros;
7 – O ministro da fazenda, o competente Joaquim Levy, substituído por Nelson Barbosa, uma espécie de bedel do PT, que toma posse hoje;
8 – O maior líder popular, o Lula, dentro do seu mundo autista, mentindo, praticando amnésia cínica (não se lembra dos sobrenomes de suas noras) e entregando seus antigos ministros Dirceu e Dilma.
Será que existe algum país do mundo vivendo sob estas circunstâncias? Será que alguma país no mundo, fora o Brasil, pode viver normalmente, sob estas circunstâncias?
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