TIVE MEDO DURANTE 4 ANOS.
Fui designado para comandar a Polícia Militar de São Paulo, abril 1974.
Logo tomei conhecimento de dois problemas gigantescos. O problema de menores e o Presídio do Carandiru. Não eram obrigações nossa, mas no final seria a Polícia Militar que iria resolver.
Logo de saída fui ao Batalhão de Menores. Tomava conta da muralha. Dentro não era de nossa responsabilidade. Tinha lido um livro de uma socióloga paulista onde afirma que as crianças que viviam no tal depósito eram até roídas por ratos. Nunca imaginei que um dia iria confirmar o que foi
escrito. Vi com os próprios olhos. Ainda revolta-me quando me recordo do que vi. Foi no governo Paulo Egídio que a coisa melhorou e muito.
Os dirigentes tinham amor no coração. O CARANDIRU era um paiol de pólvora. Lembro-me de uma reunião com o Secretário de Segurança Pública, o juiz das execuções penais e eu presente. O juiz, com toda razão, afirmava que não podia continuar com estava. Ia explodir. Se minha memória não é falha o números eram alarmantes. O CARANDIRU comportava 2.500 presos estava com uma população acima de 7.000.
Procurou-se uma solução. O Senhor juiz sugeriu: retirar presos do CARANDIRU e colocar nas delegacias e a Polícia Militar ser responsável pela prisão dos presos. Era criar novas prisões sem condições mínimas. As delegacias já estavam cheias. Terminou-se a reunião sem solução, pois aleguei que a Polícia Militar indo tomar conta das delegacias a sociedade ficava sem segurança.
Todo dia era um dia e Deus, que é muito Bom para comigo, esperou para eu deixar o comando e permitir a explosão do CARANDIRU. O resultado não poderia ser outro. Imagino, pois lá não estava, mas soube que quando foi aberto o portão os presos jogaram fezes, urina e mil coisas mais a força que recebeu ordem de invadir, era matar ou morrer.
Terminou o processo com o voto de um desembargador, dando a razão a força. Morreram mais de 100 e Manaus pouco acima de 60.
Logo que deixei o Comando da PMSP, fui promovido ao Posto de general e continuei a andar pelo Brasil afora. Sempre as cadeias menores; cada dia que passava mais graves eram os problemas.
Um dia, 1988, fui para reserva e lendo e acompanhando o caminhar do meu País sentia que uma dia ia explodir as cadeias públicas. Aconteceu e agora estão atrás dos culpados. Um político, em conversa comigo, disse a VERDADE:“ O PROBLEMA DOS PRESÍDIOS É DE SOLUÇÃO DIFICÍLIMA, pois CONSTRUIR CADEIA NÃO DÁ VOTO”. TRISTE VERDADE!
PRESIDIO É UM PROBLEMA SOCIAL GRAVÍSSIMO!
A SOLUÇÃO É AS AUTORIDADES SEREM RESPONSÁVEIS! TUDO O MAIS É CONVERSA.
A SOLUÇÃO É AS AUTORIDADES SEREM RESPONSÁVEIS! TUDO O MAIS É CONVERSA.
GRUPO GUARARAPES
GENERAL TORRES DE MELO COORDENADOR
10 de jan 2017
GENERAL TORRES DE MELO COORDENADOR
10 de jan 2017
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