Como grande aproveitador que sempre foi, L... não podia deixar de se aproveitar da morte de sua mulher para angariar mais simpatias.
Discursou em pleno velório!
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L--- discursa em velório como
viúvo de comício
A morte é um evento caprichoso e unívoco. Não segue regras. E não se presta a interpretações. A morte simplesmente mata. É sua função. E ela a exerce quando e da maneira que bem entende. A vingança mais eficaz contra a compulsoriedade da morte é o protesto do silêncio. E a melhor homenagem aos mortos é não os esquecer. ROSE DELA JAMAIS SE ESQUECERÁ!
De resto, reza a praxe que, na vigília aos mortos, os vivos tenham sempre no bolso uma oração ou meia dúzia de parágrafos sobre sentimentos como amor e saudade. Mas os tempos estão mudados.
No velório de Marisa Letícia, L--- tinha à mão um comício. Esguichou lágrimas de Lava Jato:
''Marisa morreu triste porque a canalhice, a leviandade e a maldade que fizeram com ela…”, declarou L---. “Acho que ainda vou viver muito, porque quero provar para os facínoras… Que eles tenham um dia a humildade de pedir desculpas a essa mulher. Esse homem que está enterrando sua mulher não tem medo de ser preso.”
CASO A PRESSÃO DA LAVA JATO TIVESSE MATADO MARISA LETÍCIA, O PRINCIPAL CULPADO SERIA O PRÓPRIO L--- QUE A DEIXOU ENTRAR PARA A NEGRA HISTÓRIA COMO APROVEITADORA DO DINHEIRO ALHEIO.
Considerando-se sua origem e trajetória, Marisa foi uma mulher notável. Na passagem por Brasília, deixou como legado a mais fabulosa marca que uma primeira-dama pode proporcionar: a invisibilidade. Por sorte, L--- ainda vai “viver muito” (VAI VIVER TANTO QUE AINDA TERÁ TEMPO SUFICIENTE PARA SER PRESO OU FUGIR PARA OUTRO PAÍS). Entre um e outro discurso contra os “facínoras”, há de encontrar tempo para explicar por que permitiu que sua mulher virasse matéria-prima para inquérito.
Numa das encrencas que lhe renderam indiciamento, L--- é investigado por ocupar uma cobertura vizinha à que mora, em São Bernardo. Para os investigadores da Lava Jato, o imóvel foi comprado com dinheiro de corrupção. A defesa de L--- alega que a cobertura foi alugada. O contrato de locação traz a assinatura de Marisa.
Um dia L--- talvez tenha “a humildade de pedir desculpas a essa mulher” por ter permitido que a assinatura dela fosse empurrada para dentro de papéis tóxicos. Nesse dia, o morubixaba do PT perceberá que o papel de viúvo de comício não combina com a imagem de marido zeloso. Marisa Letícia não merecia que, no seu velório, a virtude fosse transformada apenas num trissílabo como, digamos, eleitoral.
Josias de Souza
N.B.:
- Li, hoje, que o ódio invadiu as redes sociais da Internet, depois da morte da ex-primeira dama Marisa Letícia. Dizer a verdade não é exposição de ódio, mas a falta da hipocrisia que se tornou elogiável em algumas situações e todos levam aos velórios... junto com suas lágrimas de crocolido.
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