Quarta-feira voltamos ao Brasil real. Confesso que estou estarrecido com o Macri (Presidente argentino).
Para qualquer brasileiro, que sofre há anos com a paralaxe cognitiva da nossa política (quando não apenas a prática é dissociada e diametralmente oposta ao discurso, ou seja, sempre é o CONTRÁRIO dele), ver um político efetivamente fazendo aquilo que prega, aquilo que anunciou para se eleger, é um choque.
A minha geração, possivelmente, nem sabia que tal coisa era possível.
Em dois meses de governo, Macri retirou todas as restrições de importações, zerou o imposto de exportação de trigo, milho e carne, reduziu imposto sobre soja, automóveis e motos AUMENTANDO a arrecadação no processo, e provando de uma vez por todas a validade da Curva de Laffer), denunciou o acordo com o Irã, expulsou médicos cubanos sob a justificativa de que não financiaria ditaduras para ludibriar a população com uma pseudo assistência médica, já demitiu 19 mil funcionários públicos "nhoques" (aqueles que só aparecem dia 30 pra receber, e que foram indicados politicamente), desmontou a "Ley de Medios" e anunciou que vai pagar todas as dívidas dos seus importadores, no importe de US$ 5 bilhões, 80% nas mãos de exportadores brasileiros.
Vai divulgar índices VERDADEIROS(!) seja de inflação, desemprego ou produtividade.
Há duas semanas investidores internacionais fizeram fila em Davos pra falar com ele, essa semana o governo argentino ainda quitou com credores italianos uma dívida de US$ 2,3 bilhões (por US$ 1,350 bi), e está firme no caminho de pagar a parcela restante com fundos "abutres", de US$ 9 bi, com deságio de 30%. Se fizer isso, devolve a Argentina ao mercado mundial de capitais, depois de 10 anos de kirchnerismo em que a Argentina foi a leprosa do mundo.
Tudo isso, repito, em DOIS MESES. Enquanto isso, no Brasil, o Congresso parado sob o comando de dois corruptos, a lentidão do judiciário e a presidente, sustentada por um partido esfacelado pela contradição e pela corrupção generalizada, convoca rede nacional para anunciar que ainda precisamos nos livrar de uma doença medieval (depois do seu ministro da saúde sugerir que, na falta de uma vacina bancada pelo Estado, tínhamos que torcer pra que o próprio mosquito imunizasse as pessoas antes da idade fértil).
Será que o Macri não toparia prestar umas 4 horas semanais de trabalho voluntário aqui no Brasil, não? Se a Dilma concordasse em abrir mão do cargo por 20 horas/mês, penso que certamente poderíamos até esquecer o papo do impeachment...
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