TCU mantém a tendência
desfavorável a Dilma
Josias de Souza
Relator das contas de 2014 no
TCU, Nardes recebe defesa das mãos do advogado-geral Luís Adams
Aquilo que nasceu como manobra para beneficiar o governo no TCU pode
se tornar um caso clássico de feitiço que se volta contra o feiticeiro.
Renovado duas vezes, o prazo concedido ao Planalto para que se defendesse das
acusações de charlatanismo fiscal esquentou o caldeirão em vez de esfriar.
Dois ministros do TCU ouvidos
pelo blog disseram que a tendência de
rejeição da prestação de contas do governo referente a 2014 não se alterou.
Na definição de um dos ministros, essa tendência é “clara”. Nas palavras do
outro, é “muito nítida”. Percebe-se pelas explicações de ambos que o feitiço dos prazos saiu pela culatra.
A demora manteve o tema no noticiário, popularizando-o,
disse um dos julgadores. Balanços fiscais não costumam seduzir as manchetes.
Hoje, só se fala em 'pedaladas'.
Como poucas vezes na sua história, o
TCU se tornou alvo do interesse coletivo, completou. Qualquer decisão
que possa ser vista como manobra levará à desmoralização do TCU e dos seus
membros, afirmou o outro ministro.
Preparada pela Advocacia-Geral da
União, a última peça da defesa do governo foi entregue nesta sexta-feita (11).
São mais de mil páginas. Serão
analisadas pelos auditores do TCU (NEM SERIA PRECISO TANTO ESFORÇO, PORQUE A ANÁLISE JÁ FIZEMOS., E DE GRAÇA). Os ministros acreditam
que a defesa não apresentou nenhum elemento capaz de alterar a convicção do
corpo técnico do órgão a favor da rejeição das contas.
Ambos previram que o relator do
processo, ministro Augusto Nardes, deve endossar o posicionamento da equipe
técnica, votando pela rejeição das
contas. E o voto do relator deve ser acompanhado pela maioria. Órgão
auxiliar do Congresso, o TCU remeterá seu parecer para os parlamentares, que
têm a atribuição de julgar as contas do Executivo. Uma reprovação levaria água para o moinho do impeachment.
Entre as acusações, a que mais
preocupa é a de que foram editados
decretos ampliando ilegalmente os gastos públicos em ano eleitoral, sem a anuência do Congresso . Essa manobra é mais preocupante porque
os decretos foram assinados por Dilma. No caso das 'pedaladas' — espécies de saques a descoberto em bancos públicos—
tenta-se transferir a culpa para Arno Augustin, ex-secretário do Tesouro.
Um dos ministros disse estar “desalentado” com
duas das teses esgrimidas pela defesa do governo. Numa, alega-se que governos
anteriores, entre eles o de FHC, recorreram aos mesmos expedientes. Noutra atribui-se
o malabarismo fiscal à virada repentina e imprevisível da economia. O ministro
ironizou: até um marciano é capaz de notar que a atual instabilidade econômica
foi uma obra lenta e bastante previsível.
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