Daniel Ramos*
Não precisa ser nenhum gênio em economia para entender o que acontece no Brasil. Basta ir ao supermercado, abastecer o carro. O Brasil caminha a passos largos para o centro de uma grande crise. A disparada de preços, o aumento de impostos e da taxa de juros, as perdas salariais e de direitos trabalhistas, a falta de investimentos em infraestrutura que reduz a competitividade das empresas brasileiras, a dilapidação do patrimônio da maior empresa do país, empréstimos de recursos do banco de desenvolvimento sem qualquer critério, jogam por terra a estabilidade econômica alcançada com muito esforço desde o governo de Itamar Franco. Tudo sendo destruído por um projeto de poder, por um populismo sem precedentes na história do Brasil.
Também não é preciso ser gênio para entender porque chegamos a isso e quem é o grande culpado: um covarde travestido de líder. Claro que há outros culpados, até mesmo aqueles que, na trincheira do congresso nacional, deviam combatê-lo. Raras são as exceções. São sempre os mesmos, que em uma luta desigual, não se furtam a apontar a incoerência e o engodo. Eu conheço alguns, e você, se prestar atenção, vai identificá-los com certa facilidade. Estão nos noticiários, quando é dado espaço, e principalmente nas redes sociais. Fazem parte da oposição, aquela que muitos dizem que não existe. Se não existisse, o grande líder, do alto de sua tirania enrustida, jamais terá cometido o ato falho de dizer que“precisa ser extirpada” Existe, deve ser preservada e reforçada por todos os cidadãos de bem deste país. Se um dia chegarem ao poder, que sejam cobrados com a mesma energia, porque a coerência é um valor de gente do bem, de caráter.
Em 2003 iniciou-se uma nova era no Brasil e o que se viu de lá pra cá foi uma sucessão de escândalos. Sempre que aparecia um, o grande líder tratava de subir ao palanque e bradar que “as elites nunca aceitaram que um operário chegasse ao poder, com a força do povo”. O covarde sempre terceiriza responsabilidades.
Em 2005, com o escândalo do Mensalão, o líder foi à TV dizer que havia sido traído, que se preciso fosse cortaria na própria carne. Mas um covarde não dá sua cara à tapa. Só a dos outros. Anos depois, com a condenação de membros da sofisticada organização criminosa que deveria servir ao país e não se servir do dinheiro público, o líder ordenou que a culpa fosse jogada em Joaquim Barbosa, indicado para o STF pelo próprio. Para o líder, Joaquim lhe devia favores. Como presidente da mais alta corte, Joaquim optou por não jogar por terra sua biografia, construída às custas de seu próprio esforço, e lutou para que a lei fosse cumprida. Apenas isso. Mas para aquele que o indicou, o presidente do STF estava a serviço da direita, dos tucanos. O covarde não reconhece a vitória da verdade.
Agora tudo indica que o líder coloca em curso mais uma ação orquestrada. O alvo é nada menos que aquela que foi por ele escolhida para seguir o projeto de perpetuação no poder. Para o covarde vale tudo. Manifesto do partido, manifestação do subchefe do Mensalão, críticas e mais críticas de articulistas da imprensa cooptada que reverbera obras de papel e trata migalhas como banquetes, são as armas escolhidas. Assim que tiver a certeza que o estrago foi feito, que a ungida está num brete, o covarde emergirá com ares de salvador da pátria destilando seu veneno “a economia está do jeito que está porque Dilma deu uma guinada à direita. Fez o que os demotucanos queriam e aí está o resultado. É preciso recuperar os avanços sociais”. Para o covarde, a culpa, mesmo quando é dele, é dos outros.
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