Não corta nem faz bainha
Mary Zaidan
Dilma Rousseff inaugurou o 13º ano de governo petista com o mesmo de sempre: discurso recheado de generalidades, fantasias fabulosas, autoelogios e um amontoado de mentiras. Algumas de descaramento espantoso.
Nem corou ao dizer “assim como provamos que é possível crescer e distribuir renda, vamos provar que se pode fazer ajustes na economia sem revogar direitos conquistados ou trair compromissos sociais assumidos”. Isso dois dias depois de seu governo anunciar um pacote que reduz benefícios adquiridos de trabalhadores e de os mais otimistas apostarem em 0,3% de crescimento em 2014, número próximo à estagnação, com consequências seriíssimas nas arrecadações estaduais e municipais.
Mas enquanto governadores anunciam cortes na própria carne, como fez o do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e o de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), Dilma só desossa a carne alheia.
Sequer um Ministério a menos entre os 39, nenhuma redução em bônus, gratificações ou pessoal. Nada. Nem bainha, quanto mais corte. A máquina de Dilma continua igual, obesa e cara.
Suas escolhas expõem a fragilidade dos compromissos que assumiu no Congresso Nacional. Basta um exemplo: prefere agradar 21 deputados do PRB, nomeando para o
Esporte o polêmico George Hilton, do que reduzir ministérios inúteis.
Até agora, o ajuste de Dilma limita-se a regras mais rígidas e redução de percentuais pagos aos trabalhadores na pensão por morte, auxílio-doença, abono salarial, seguro-desemprego e seguro defeso, criado para proteger pescadores.
As reformas propostas, que devem vir por Medida Provisória, até poderiam ser louváveis se constitucionais forem, mas nem de longe arranham privilégios dos aboletados no poder. Passam longe do Planalto, da Esplanada, do governo e dos seus. Representam uma economia de R$ 18 bilhões, pouco mais do que a metade do último aporte R$ 30 bilhões do Tesouro feito para tapar rombos no BNDES.
O banco de fomento financiou a construção do Porto de Muriel, em Cuba, fez a alegria de gente seleta como o ex megaempresário Eike Batista e de todas as empreiteiras enroladas com a roubalheira na Petrobras.
Os bilhões que a Petrobras perdeu para a corrupção, em negócios mal geridos e mal explicados, são apenas parte da herança de Dilma para Dilma. Há encrenca para todo lado, com faturas já preparadas para os brasileiros pagarem. Estão previstos aumentos de energia, gás, combustíveis. Mais impostos.
No caso da petroleira, Dilma atribuiu todos os males a predadores internos e inimigos externos. Nada disso. Quem matou a charada foi Paulo Ferraz, em um comentário no Facebook: são inimigos íntimos. Ou amigos íntimos. E esses são imexíveis.
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