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FORO DE SP NAS PALAVRAS DE UM PETISTA
Estava há pouco a ler partes do livro “A estrela na janela – ensaios sobre o PT e a situação internacional” de Valter Pomar. O livro se encontra disponível no site do Foro de SP, em formato pdf: http://forodesaopaulo.org/wp-
Antes de tudo, fui buscar informações wikipédicas a respeito deste sujeito, e eis que encontro a seguinte informação:
“Entre 2005 e 2009, Valter Pomar esteve à frente da Secretaria de Relações Internacionais do PT e desde então até os dias de hoje ocupa o cargo de Secretário Executivo do Foro de São Paulo, desempenhando, nestas funções, importante trabalho de interlocução política do PT com as forças de esquerda no mundo todo e, em especial, na América Latina.”
Encontrei um trecho no livro que me despertou atenção (pág. 85-88), no qual o autor descreve sua exposição no encontro em Caracas, Venezuela, num dos eventos do Foro de SP. Irei comentar algumas partes que considero bastante esclarecedoras. Vejamos:
Vou começar minha exposição debatendo como enfrentar a contraofensiva da direita.
Esta contraofensiva não é uma surpresa.
Já no XIV Encontro do FSP, percebemos que, em 2009-2010, viveríamos um ciclo eleitoral principalmente em países governados por nós. Ou seja, a direita poderia derrotar nossos governos; enquanto o contrário seria mais difícil.
Percebe-se, logo de cara, que de fato existe um planejamento estratégico de nível continental, no qual a esquerda se articula para derrotar a “direita”. Observem o trecho “em países governados por nós”. Se o autor, na ocasião, discursava para uma platéia do Foro de SP, a palavra “nós” se refere a eles mesmos, os membros da entidade. Temos aqui, portanto, a confissão aberta de que a entidade governa países da América Latina. Sigamos adiante.
Colaborar para que as esquerdas do México, Colômbia e Peru se fortaleçam e ganhem as próximas eleições; apoiar os setores populares em Honduras, Guatemala, Paraguai etc.; não perder nenhum governo para a direita (independente das opiniões que possamos ter sobre os limites de cada um destes governos, qualquer derrota será uma vitória de nossos inimigos); aprofundar o processo de mudanças, mas considerando atentamente a correlação de forças; e acelerar a integração continental (o que, no limite, é nosso principal trunfo).
Não perder nenhum governo para a direita, por pior que seja o governo de esquerda: este é o objetivo. A ordem é não perder terreno para os “inimigos”. O aprofundamento das mudanças rumo ao socialismo continental é apoiado até o limite, o qual seria o “principal triunfo” da organização.
A contraofensiva da direita é uma decorrência lógica da crise internacional e do declínio da hegemonia estadunidense; eles precisam recuperar o controle de seu “pateo trasero”; e para isso precisam deter e reverter as mudanças que estão em curso no continente.
Aqui temos o velho discurso anti-americanista. O uso do termo “estadunidense” já indica um certo antiamericanismo chulo. Mesmo que o declínio americano se dê muito por conta da própria esquerda norte-americana, principalmente com Obama no poder, o autor se utiliza deste subterfúgio manjado para justificar a existência de uma suposta contra-ofensiva da direita, que estaria de alguma forma (não explicada) relacionada com as políticas americanas. O intuito do autor é o de persuadir a militância de que tudo o que se faz no Foro de SP está previamente justificado, já que estão lutando contra este poderoso e tirano “império estadunidense”.
O debate sobre as “tentativas de construção do socialismo no século XXI“ será pura retórica se não detivermos a contraofensiva da direita.
O PT tem reflexões acumuladas sobre isto, as mais recentes estão na resolução do III Congresso. Para nós, socialismo envolve democracia, internacionalismo, propriedade pública, planejamento e desenvolvimento ambientalmente sustentável.
Nós não utilizamos o termo “socialismo do século XXI“.
Ainda estamos num período de “defensiva estratégica“ da luta pelo socialismo, no qual se combinam a derrota do chamado “campo socialista“, a difícil situação de Cuba, o socialismo de mercado na China e a força do capitalismo.
O objetivo de se alcançar o socialismo (de novo o socialismo, aquele mesmo que já trouxe tanta desgraça para o mundo) aqui é claramente admitido. Admitem porém, que este socialismo ainda não está estabelecido, estando eles num período de defensiva estratégica.
Por tudo isto, acreditamos que é necessário levar a sério a ideia da unidade na diversidade. Há uma diversidade de estratégias nacionais e uma diversidade de concepções. Precisamos articular isto numa estratégia continental comum.
Mais confissões sobre o plano de implementação do socialismo em âmbito continental. A diversidade das esquerdas é estimulada, desde que no todo tenham uma consistência que visa a unidade. Esta é, desde sempre, uma das estratégias cruciais do movimento revolucionário. A divisão interna da esquerda só favorece ela mesma, uma vez que essas divisões acabam por tomar todo o espaço político e cultural, fazendo com que o debate se limite ao espectro esquerdista. Isto é exatamente o que estamos presenciando no Brasil há algumas décadas. Esta hegemonia de esquerda foi inclusive comemorada por Lula, em um de seus discursos no Foro de SP.
Porém, o mínimo denominador comum desta estratégia continental é a integração, não o socialismo.
Gostaríamos que fosse o socialismo, porém ainda não é; e não é não por falta de vontade, mas principalmente porque vivemos num momento de transição, em que o velho já está morrendo e o novo ainda não se firmou.
Este é talvez o trecho mais emblemático. O autor admite, porém com pesar, que a integração do continente seja estrategicamente mais importante agora que o próprio socialismo. Ele admite, portanto, que o socialismo não é um fator de integração continental suficiente por si mesmo. Na sua concepção, isto se deve ao fato de estarmos sob a transição do velho para o novo socialismo, que, como ele afirma em outros trechos, ainda carece de bases teóricas em sua ideologia. A promessa messiânica do “novo mundo” sempre aparece no discurso socialista, que também diz que suas bases teóricas sempre foram mal compreendidas. Isto faz com que socialistas, catástrofes após catástrofes, sempre renovem seus discursos e suas perspectivas para um futuro hipotético. Em nome desse futuro que nunca chega, se arrogam o direito de fazer o que quer que seja no presente. É o mesmo discurso batido, já proferido antes por Lenin, Stalin, Hitler, Mao Tsé-Tung, Fidel Castro, etc.
Por tudo isto, o PT valoriza extremamente o Foro de SP, que tem como uma de suas características mais importantes reunir num mesmo espaço famílias políticas e ideológicas que na Europa não conseguem conversar. Os que aqui destacaram o quanto a situação política na América Latina está melhor do que na Europa devem compreender que isto se liga a nossa capacidade de articular unidade com diversidade.
Devemos, portanto, combinar a necessária luta ideológica em favor do socialismo, com uma estratégia e uma política organizativa mais amplas.
Consideramos importante, neste sentido: fortalecer os laços bilaterais; fortalecer os organismos que temos (como o Foro de SP); para nós, do PT, o Foro de São Paulo é prioritário; repudiamos a ideia de que existam “duas esquerdas“, há muitas esquerdas na América Latina; recusamos qualquer tipo de disputas de protagonismos e liderança entre nós; e estamos convencidos de que não há futuro para nosso projeto no Brasil apartado do futuro da América do Sul e da América Latina.
Claro que há contradições em nossa política interna e externa. Mas nossa política internacional demonstra de que lado estamos: lembro aqui a postura do Brasil frente a Cuba, Honduras, Irã, Palestina e nossa oposição à guerra dos EUA contra o Iraque.
Este é o fechamento final, que resume tudo. Não restam dúvidas de que o PT está articulado com uma entidade estrangeira, que influencia diretamente nas eleições de diversos países latino-americanos, e que, sendo parte deste esquema, compactua com suas políticas de intervenção às soberanias nacionais destes países, incluindo o próprio Brasil. O PT considera esta entidade sua prioridade, colocando-a acima dos próprios interesses do povo brasileiro. A partir daí, o PT se configura imediatamente num partido ilegal, que dentro das leis eleitorais brasileiras, estariam impedidos de participar das eleições no país.
Além disso, este último trecho reforça a ideia de que uma esquerda heterogênea é importante, desde que suas contradições não sejam suficientemente conflituosas com o objetivo final de implantação de um socialismo continental. Além disso, reforça também aquilo que já sabemos sobre a política externa petista, de apoio à ditaduras comunistas e ao terrorismo internacional, já que representam uma “resistência” à política externa americana. Sabemos que o discurso anti-intervencionista em relação aos EUA serve apenas como pretexto para que os petistas defendam governos anti-ocidentais, estes sim, empenhados em destruir o ocidente com toda força, até que não reste no mundo nenhum traço de liberdade, democracia e cristandade como conhecemos.
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