Às vezes o desejo de vingança
ou a necessidade de nos impor
é tão grande,
que nos leva a dar um
tiro no nosso próprio pé!
Mário César Flores: o ex-ministro da Marinha percebe que argumentos da Comissão Nacional da Verdade servem para “incriminar” a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula da Silva no caso da corrupção na Petrobrás.
O almirante da reserva Mário César Flores é um dos mais qualificados intelectuais brasileiros vivos. O leitor deve se lembrar dele por ter sido ministro da Marinha no governo Fernando Collor. Foi também ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos no governo Itamar Franco. Flores publicou, que eu saiba, sete livros sobre defesa e poder militar. Talvez tenha escrito outros. Cidadão educadíssimo, além de inteligente e culto, mesmo na reserva não seria dispensado de prestar serviço a nenhum governo, se não existisse enorme preconceito contra os militares. Preconceito que vem desde que Fernando Henrique Cardoso, a esquerda, chegou ao governo. É uma pena, pois quem perde, ao deixá-lo na prateleira, é o Brasil.
Do alto de seus 83 anos, Mário Cesar Flores, dono de uma lucidez invejável, de um raciocínio tão preciso quanto arguto e de muita experiência, seria melhor ministro da Defesa que qualquer um dos que já ocuparam a pasta. Ou do Planejamento, ou de outra meia dúzia de ministérios, hoje nas mãos de nulidades absolutas.
Ninguém na imprensa ou na oposição percebeu, mas não passou batido para Mário César Flores: a Comissão Nacional da Verdade responsabilizou integralmente Lula e Dilma por toda a roubalheira da Petrobrás. Responsabilidade mesmo, condizente com as penas da lei.
Explico, ou melhor, o almirante Flores explica: a dita Comissão Nacional da Verdade, em seu relatório, responsabilizou os ex-presidentes do regime militar por todos os excessos cometidos pela repressão contra presos políticos. Responsabilizou também os ministros militares da época, bem como os comandantes dos Exércitos e de unidades militares onde podem ter ocorrido violações de direitos humanos. No entender da tal Comissão essas autoridades são responsáveis por tais crimes, pelo fato de ocuparem postos mais altos na cadeia de comando em que foram cometidos. Ainda no entender dos “brilhantes” membros da Comissão essa posição na hierarquia os faz, irretorquivelmente, culpados. O recurso ao “eu não sabia” é integralmente repelido pela dita Comissão Nacional da Verdade.
A seguir, pois, os critérios da Comissão, Lula e Dilma respondem pela roubalheira da Petrobrás, como presidentes da República. Há ainda o agravante de Dilma ter ocupado a presidência do conselho de administração da Petrobrás, e ambos, Lula e Dilma, terem como próximos, quase de casa, elementos-chave nos desvios de dinheiro público, como Paulo Roberto Costa.
Metaforicamente, na interpretação da dita Comissão Nacional da Verdade, a “tortura” a que foi submetida a Petrobrás pela “ditadura” petista instalada no país, tem Lula e Dilma como responsáveis iniludíveis.
Responsáveis “político-administrativos”, como presidentes. Dilma mais responsável ainda, pois chefiou um dos “centros de tortura” onde foi vitimada a Petrobrás: o conselho de administração da empresa. E Lula e Dilma conviveram, fraternalmente com os “torturadores” Paulo Roberto Costa, José Sergio Gabrielli e Renato Duque, entre outros.
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